Uma das justificativas que ensejaram o pedido de prisão do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, a informação de que ele viajaria a Portugal nesta sexta-feira sem passagem de volta agendada foi desmentida pela defesa do executivo. Tendo como passageiros Bendine e sua família, um bilhete aéreo para um voo de Lisboa rumo ao Aeroporto de Campinas, no interior de São Paulo, em 19 de agosto, foi emitido no último dia 3. Na entrevista coletiva em que detalhou a Operação Cobra, 42ª fase da Operação Lava Jato, o procurador Athayde Ribeiro Costa afirmou que o Ministério Público Federal (MPF) procurou, mas não encontrou, nenhum registro que Aldemir Bendine pretendesse retornar ao Brasil após a sua viagem às terras lusitanas, que estava prevista para sexta-feira.
No despacho em que determinou a prisão temporária, o juiz federal Sergio Moro citou essa informação, tendo inclusive determinado que a prisão ocorresse de modo a evitar a fuga. Com cidadania italiana – e, portanto, passaporte europeu –, o ex-presidente da Petrobras teria extradição mais difícil caso estivesse em solo português ou italiano. Moro não citou a possibilidade de que Bendine tivesse um bilhete de retorno, mas Costa, na mesma coletiva, defendeu que isso não seria o suficiente para desmerecer a tese do pedido de prisão.
Para o advogado Pierpaolo Bottini, a existência da passagem de volta deveria fazer com que Moro reconsiderasse sobre a prisão do seu cliente. “A prisão temporária de Aldemir Bendine com base em uma suposta viagem só de ida para Portugal deve ser reconsiderada, uma vez que a defesa juntou a passagem de volta e as reservas em todos os hotéis nos quais ele se hospedaria. Vale destacar que em 7 de julho o executivo juntou petição na qual se colocou à disposição do ministério público para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários, abrindo mão do sigilo. A cautelar é absolutamente desnecessária”, escreveu o defensor.
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