O titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE), Jaques Wagner (PT), deve ocupar, nos próximos dias, a articulação política do governo.
O remanejamento teria como finalidade azeitar a aliança que vai caminhar com o governador Rui Costa (PT) na campanha pela reeleição em 2018. E também dar maior visibilidade política a Wagner. Ex-ministro dos governo Dilma e Lula e ex-governador da Bahia, ele é cotado para uma das vagas ao Senado na chapa de Rui, embora enfrente o "fantasma" de ser um dos nomes citados em delação do ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho.
A aposta do governo é que o petista estando na linha de frente das articulações com a base – e na administração direta, o que lhe garantiria manter o foro privilegiado – estaria em melhores condições de se blindar de eventuais ataques dos adversários. Rui, por sua vez, atenderia às críticas dos aliados, insatisfeitos com resultados da articulação política na gestão.
A indicação de Wagner para o diálogo com os partidos vem sendo amadurecida há algum tempo no governo, segundo informou uma fonte ao A TARDE. A ideia ganhou corpo depois que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi eleita para a presidência nacional do PT. A senadora é ré em ação penal no Superior Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava Jato.
"É repetir na Bahia a mesma estratégia adotada pelo PT nacional. Gleisi também vem sendo perseguida [pela mídia e oposição], e por estar em posição de destaque [político], tem se antecipado e conseguido fazer a defesa do PT. Ela estará, inclusive, à frente das caravanas de pré-campanha presidencial de Lula [condenado a 9 meses e meio de prisão pelo juiz Sérgio Moro]", diz a fonte.
Trecentésima viagem
O ajuste na equipe do governo foi antecipado nesta segunda-feira, 17, pelo governador Rui Costa no município de Santaluz, na região sisaleira, durante ato comemorativo da 300ª viagem do governante ao interior da Bahia.
Para observadores políticos, o ato, que contou com caravanas de vários municípios, 18 deputados da base, 27 prefeitos e quase todo o secretariado, marcou o lançamento da campanha à releição do petista, que deverá ter como adversário na corrida ao Palácio de Ondina ACM Neto (DEM).
No município de Santaluz, o governador Rui Costa deu pistas do seu plano: "São pequenas mudanças. É aquele jogo que chegou ao segundo tempo e você tem que fazer algumas mudanças dentro da equipe e, eu diria, dar um último gás para a eleição do ano que vem", disse o petista.
O governador não citou nomes nem as posições que pretende mexer na sua equipe, mas disse que as primeiras alterações devem ser definidas já na próxima semana. Uma troca mais amplo no secretariado só ocorrerá no início de 2018.
"A próxima será ano que vem, retirando os secretários que serão candidatos para que eles possam fazer campanha e rodar o Estado como candidatos", antecipou o governador
Por enquanto são cinco os secretários que devem se desincompatibilizar até março: Walter Pinheiro (Educação), Vitor Bonfim (Agricultura), Carlos Martins (Justiça), Fernando Torres (Desenvolvimento Urbano) e Josias Gomes (Relações Institucionais).
Reprodução/A tarde