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Mais de 98% votaram contra Maduro em plebiscito simbólico

Iniciativa não teve o reconhecimento do Poder Eleitoral da Venezuela.

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Mulher vota em plebiscito convocado pela oposição contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, neste domingo (16)  (Foto: Juan Barreto / AFP )

No plebiscito simbólico organizado pela oposição 98,4% dos participantes votaram, neste domingo (16), contra a formação da Assembleia Nacional Constituinte proposta pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro. A informação é do reitor da Universidade Pedagógica Experimental Libertador (UPEL), Raúl López.

Um total de 7.186.170 venezuelanos participaram da votação. De todos os votos, 6.492.381 foram no país e 693.789 no exterior. Cerca de 95% das urnas foram apuradas. Foram cerca de 2 mil urnas com zonas eleitorais improvisadas em mais de 80 países, entre eles o Brasil (nas cidades de Manaus e Boa Vista). O Poder Eleitoral da Venezuela não reconhece a votação.

A consulta teve como objetivo atacar a legitimidade de Maduro em meio a meses de protestos antigoverno que mataram quase 100 pessoas e a uma incapacitante crise econômica que deixou milhões de pessoas passando por dificuldades até para comer, segundo a Reuters.

Na votação, os participantes responderam a três perguntas: se rejeitam a assembleia constitucional, se eles querem que as forças armadas defendam a constituição existente e se querem a realização de eleições antes do mandato de Maduro, segundo a Reuters.

Nas últimas eleições realizadas na Venezuela, as parlamentares de 2015, a oposição arrasou com 7,7 milhões de votos em um total de quase 20 milhões de eleitores, quebrando uma hegemonia chavista que já durava 17 anos no congresso, segundo a France Presse.

Reações

Embora a votação não tenha sido transmitida pelas rádios e TVs locais, por decisão da Comissão Nacional de Telecomunicações da Venezuela, houve comemoração nas ruas. "Já caiu, já caiu!", cantavam alguns opositores em Caracas, agitando bandeiras venezuelanas, em meio ao buzinaço, de acordo com a France Presse.

Para a oposição, a votação foi um sucesso, embora tenha lamentado a morte de duas pessoas. Os oposicionistas começam a definir nesta segunda-feira sua estratégia para intensificar o movimento de protestos e frear a eleição da Assembleia Constituinte.

Para o líder opositor venezuelano e duas vezes candidato a presidente Henrique Capriles, o resultado da votação deveria fazer Maduro cancelar a Assembleia Constuinte, que na práticavai atrasar a eleição presidencial (prevista para fim do 2018) e estender o mandato de Maduro.

O governo questionou os resultados, assinalando que o plebiscito é ilegal por não contar com o aval do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado pela oposição de servir a Maduro. Em paralelo, o CNE fez neste domingo uma simulação da votação da Constituinte.

A consulta simbólica recebeu o apoio de associações civis, da Igreja Católica, da ONU, da Organização dos Estados Americanos (OEA), dos Estados Unidos e de vários governos de América Latina e Europa.

Os ex-presidentes Vicente Fox (México), Andrés Pastrana (Colômbia), Laura Chinchilla e Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica) e Jorge Quiroga (Bolívia) acompanharam o pleito como observadores eleitorais.

Oposição

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges, disse que o fato de que a oposição tenha conseguido quase sete milhões de votos a favor da sua proposta no plebiscito contra o governo deixa o presidente do país, Nicolás Maduro, praticamente "revogado".

"Com os votos do povo venezuelano matematicamente Nicolás Maduro está revogado no dia de hoje, esse era o medo que tinha do plebiscito revogatório e por isso se impediu, por isso o Governo não quer fazer eleições nunca mais", disse Borges após conhecer os resultados eleitorais.

O opositor assegurou que a consulta popular informal aconteceu "com total beleza e confiança" e que os venezuelanos contaram com menos centros de votação do que em qualquer outra disputa nacional.

"No entanto, o povo superou todos os obstáculos, não somente o de haver menos lugares para votar, mas também superou o medo, superou a violência, superou as ameaças do Governo aos funcionários públicos, às pessoas que recebem programas sociais", prosseguiu Borges.

Mortes no plesbicito

O plebiscito informal foi marcado pela violência e terminou com a morte de duas pessoas. Segundo fontes da oposição, o ataque foi realizado por grupos paramilitares governistas em Catia, subúrbio ocidental da capital venezuelana Caracas, onde milhares de pessoas participavam do evento da oposição.

O Ministério Público venezuelano confirmou a morte de uma pessoa. No Twitter, a procuradoria afirmou que investiga a morte e os feridos causados pela "situação irregular".

A vítima foi identificada como a enfermeira Xiomara Scott, de 61 anos. Segundo o chefe da campanha que organizou o plebiscito, Carlos Ocariz, grupos pró-governo atacaram o lugar com tiros e bombas de gás lacrimogêneo. Mais de 300 pessoas se protegeram de confusão dentro da igreja de El Carmen.

Reprodução/G1