A Polícia Federal (PF) apreendeu US$ 4,54 milhões e aproximadamente 1,5 tonelada de cocaína durante a Operação Spectrum, realizada no sábado (1º). Um balanço parcial da ação foi divulgado nesta segunda-feira (3).
Na operação, a PF prendeu o traficante mais procurado do país, Luiz Carlos da Rocha, conhecido como Cabeça Branca, e procurado há aproximadamente 30 anos. Ele é descrito pela Polícia Federal (PF) como um 'embaixador do tráfico' porque tinha diplomacia para lidar com grandes facções criminosas nacionais e internacionais sem que precisasse usar a violência.
De acordo com as investigações, o criminoso usava o Porto de Santos (SP) para exportar drogas para a Europa e os EUA e tinha mais influência que outros traficantes, como Fernandinho Beira-Mar e Juan Carlos Abadia.
Rocha foi preso em Sorriso (MT) e transferido ainda no sábado para Brasília (DF). Na noite de domingo (2), ele foi levado para a Superintendência da PF em Curitiba, onde foi ouvido pelo delegado federal Elvis Secco, coordenador da operação. O conteúdo do depoimento está sob sigilo.
Nesta segunda, o traficante deve ser transferido para uma penitenciária federal.
Apreensões
Conforme a PF, US$ 3,4 milhões estavam dentro de malas em uma casa de alto padrão usada pelo traficante, que fica em um bairro nobre de Osasco (SP). Em um apartamento em São Paulo (SP), a polícia encontrou US$ 1,1 milhão.
Já a cocaína foi apreendida em três locais diferentes: em dois caminhões apreendidos no Mato Grosso, que carregavam 650 kg de cocaína cada um, aproximadamente; e em um depósito usado pela organização criminosa na cidade de Cotia (SP).
Além disso, também foram apreendidos carros, relógios, documentos, computadores e joias.
Ainda de acordo com a polícia, as equipes continuam em diligências para levantar o patrimônio de Luiz Carlos da Rocha, por isso, trata-se de um balanço parcial.
Operação Spectrum
Além de Rocha, também foi preso Wilson Roncarati, em Londrina, no norte do Paraná, que é considerado pela PF o braço direito de Cabeça Branca. Os dois foram presos preventivamente, ou seja, por tempo indeterminado.
Ao todo, foram expedidos 10 mandados de busca e apreensão de veículos, nove mandados de busca e apreensão de imóveis e três mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para depor e liberada em seguida, nas cidades de Londrina (PR), São Paulo, Embu das Artes, Araraquara e Cotia (SP) e Sorriso (MT). As ordens judiciais foram expedidas pela 23ª Vara Federal de Curitiba.
De acordo com a PF, Luiz Carlos da Rocha era um dos traficantes mais procurados pela Polícia Federal e pela Interpol na América do Sul, considerado um dos “barões das drogas” do Brasil ainda em liberdade, já condenado pela Justiça Federal a penas que somam mais de 50 anos de prisão.
Para se esconder, o traficante fez cirurgias plásticas para alterar suas feições e usava, atualmente, a identidade de Vitor Luiz de Moraes, ainda de acordo com a PF.
No entanto, ele foi localizado recentemente pela área de combate ao tráfico de drogas da PF, que precisou acionar a perícia. Com dados fotográficos, concluiu-se que Luiz Carlos da Rocha e Vitor Luiz de Moraes são a mesma pessoa. Veja mudança nas imagens acima.
Os presos responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, associação para o tráfico, falsificação de documentos públicos e privados e organização criminosa, com penas somadas que passam de 20 anos de prisão.
A organização criminosa
Ainda conforme a PF, apesar de atuar com 'diplomacia' ao negociar com traficantes, a organização criminosa liderada por Luiz Carlos Rocha tinha uma estrutura com potencial para violência, com utilização de escoltas armadas, carros blindados, entre outros, que eram utilizados de forma preventiva.
O grupo, segundo a polícia, era um dos principais fornecedores de cocaína para facções criminosas paulistas e cariocas. A organização atuava com estrutura empresarial com áreas de produção em regiões de difícil acesso em países como Bolívia, Peru e Colômbia. Além disso, a organização tinha logística de transporte, distribuição e manutenção de entrepostos no Paraguai e no Brasil, e exportando cocaína para Europa e Estados Unidos, através do Porto de Santos.
A estimativa da PF é de que a quadrilha movimentava 5 toneladas de cocaína por mês.
A estimativa das investigações é de que o patrimônio adquirido por Cabeça Branca com o tráfico internacional de drogas chegue a US$ 100 milhões.
Reprodução/G1