Conselho Regional de Medicina (CRM) de Alagoas informou nesta segunda-feira (26) que vai solicitar à Polícia Federal (PF) cópia do inquérito sobre o grupo que dava diagnósticos falsos de glaucoma para fraudar recursos da saúde. O presidente do Conselho, Fernando Pedrosa, disse que os médicos envolvidos no esquema podem ter o registro profissional cassado.
Quatro suspeitos foram presos em uma operação deflagrada no dia 13 deste mês e liberados dias depois. Entre eles está o médico André Born, que já foi secretário adjunto da Saúde em Maceió e ocupou cargos no Ministério da Saúde em 2016. Os nomes dos outros não foram divulgados.
As investigações apontam que a quadrilha agia, além de Alagoas, na Bahia, em Sergipe e Goiás e desviou em torno de R$ 30 milhões da saúde pública. O paciente recebia um diagnóstico falso de glaucoma e era orientado a usar colírios.
“Nós precisamos que a Polícia Federam nos envie o inquérito policial porque a apuração desse fato foi por eles e nós não temos a competência de fazer a investigação. Dependemos que eles nos encaminhem o inquérito completo”, disse.
Pedrosa falou que é preciso ter provas para poder avaliar a situação dos profissionais. “Se for comprovado [o crime], haverá a aplicação de penalidades do Conselho, que vai de uma advertência até a cassação do registro médico”, informou o presidente, ao dizer que no caso de punições, o médico terá o direito de defesa.
O Fantástico revelou na edição deste domingo (25) que as investigações descobriram que a organização criminosa passava a quantidade de colírio além do necessário (veja no vídeo acima). Eles também teriam feito com que pacientes assinassem por uma quantidade do medicamento e recebiam menos.
A reportagem entrevistou duas pacientes que caíram no golpe criminoso. "A gente confia, o médico passou aquela medicação, a gente vai usar, né?", lamentou uma delas, a dona de casa Maria de Lourdes Silva.
De acordo com o superintendente da PF em Alagoas, Bernardo Torres, alguns pacientes com diagnóstico falso da doença chegavam a fazer uso dos colírios, mas outros nem recebiam o medicamento.
"Havia casos de pessoas que não recebiam o colírio e as fichas eram falsamente assinadas", afirmou Torres.
Uma das pacientes que tiveram a assinatura falsificada foi Nilzete Maria da Silva. A repórter Thaíse Cavalcanti mostra à dona de casa o documento supostamente assinado por ela e pergunta se ela reconhece a assinatura.
"Reconheço não, que não é minha, não", disse Nilzete.
Reprodução/G1