O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), classificou, nesta quinta-feira, como "um assunto menor" o uso de uma aeronave da JBS, em 2011, pelo então vice-presidente da República Michel Temer. Ele disse ser comum autoridades pegarem carona em jatinhos de empresários e culpou a assessoria do Palácio do Planalto pelo desencontro de versões.
— O presidente pegou uma carona no avião, como diversas autoridades pegam carona em avião. Ele foi para um evento público, um encontro da Lide (Grupo de Líderes Empresariais), com empresários, uma pauta extremamente republicana. Não vejo nenhum problema, a não ser o alarde político por conta do momento. Esse é um assunto menor diante dos problemas que o país está vivendo — disse Jucá.
Temer não usou o jato da JBS para ir ao evento do Lide, que ocorreu em abril de 2011, e sim para levar a família a Comandatuba, em janeiro de 2011, em viagem aparentemente de lazer.
Perguntado se não era perigoso o vice-presidente viajar em uma aeronave que não sabia a quem pertencia, como informou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o líder do governo disse que esse é um problema da segurança da vice-presidência da República.
Em um primeiro momento, a assessoria havia negado que Temer tivesse viajado à Bahia em aeronave particular, sob a alegação de que só havia registros de voos em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB).
— Quem disse que ele pegou um avião da FAB foi a assessoria do palácio. O presidente não ia se lembrar como foi, de quem era o avião — disse Jucá.
Para o novo líder do PT, senador Lindbergh Farias (RJ), Temer mentiu:
— São duas mentiras, a de que usou avião da FAB e a de que não sabia que o avião era da JBS. Como assim? Ele ligou para (Joesley Batista) para agradecer as flores (no jatinho). É um presidente completamente desmoralizado.
Ao entregar à Procuradoria-Geral da República (PGR) registros de voos do Learjet PR-JBS usado pelo então vice-presidente para viajar com a mulher a Comandatuba, em janeiro de 2011, o empresário Joesley Batista relatou aos procuradores ter recebido uma ligação do próprio Temer para perguntar sobre o envio de flores à aeronave e agradecer pela gentileza, segundo fontes com acesso às investigações.
O uso de um avião da JBS, revelado na delação do empresário Joesley Batista, e a forma como a notícia foi tratada no governo foram considerados, por auxiliares do Planalto, agravantes do quadro do presidente.
Reprodução: O Globo