Sete adolescentes foram mortos e dois ficaram feridos na madrugada deste sábado (3) em uma rebelião no Centro Socioeducativo Lar do Garoto, em Lagoa Seca, região metropolitana de Campina Grande (PB).
Segundo a Polícia Civil, a rebelião começou por volta das 2h30, quando um grupo de jovens tentou fugir do centro socioeducativo, que abriga adolescentes infratores. Quatro deles conseguiram fugir por uma saída nos fundos da unidade.
Parte dos internos que não conseguiu fugir teve acesso a uma outra ala do centro socioeducativo onde ficava um grupo rival.
Eles atearam fogo em colchões e móveis incendiando a ala onde estavam os rivais. A maioria dos mortos foram encontrados carbonizados.
Os dois feridos foram encaminhados para um hospital da cidade. Um deles, de 16 anos, foi vítima de agressão física e teve que passar por uma cirurgia para drenagem de uma hemorragia no tórax. Seu quadro é estável.
O outro adolescente, de 17 anos, também foi vítima de agressão e está sendo avaliado por uma equipe de ortopedistas.
Segundo o vice-diretor do centro socioeducativo, Francisco Souza, a unidade tem capacidade para 44 internos, mas abrigava 220.
Equipes da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros estão no local e ainda tentam controlar a rebelião.
COLAPSO NOS PRESÍDIOS
O sistema penitenciário do país vive uma crise sem precedentes desde o primeiro dia do ano.
Rebeliões em presídios, principalmente, das regiões norte e nordeste terminaram com centenas de mortos e colocaram em evidência o colapso do setor, que é superlotado e pouco eficiente na regeneração do preso, segundo entidades e especialistas que estudam o tema.
A crise teve início em 1º de janeiro, com um motim no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM), que terminou com 56 detentos mortos e 184 foragidos.
A matança registrada no presídio da capital do Amazonas foi a maior em número de vítimas em presídios do país desde o massacre do Carandiru, em 1992, em São Paulo, quando uma ação policial deixou 111 presos mortos na casa de detenção.
Depois foi a vez das unidades de Roraima, Rio Grande do Norte e Mato Grosso registrarem os massacres. Em todos os casos, as rebeliões partiram de ordens de facções criminosas, que disputam o controle do tráfico de drogas nas penitenciárias.
(Folha) (AF)