Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (31) a 2ª fase da Operação Carne Fraca, que investiga irregularidades na fiscalização de frigoríficos.
De acordo com a PF, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva, que é por tempo indeterminado, em Goiás.
O principal alvo desta fase é Francisco Carlos de Assis, ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Estado de Goiás. Ele será levado para a superintendência da PF em Curitiba, onde ficará à disposição da Justiça.
Francisco Carlos de Assis foi flagrado, conforme a PF, "em interceptações telefônicas destruindo provas relevantes" para a apuração da Operação Carne Fraca. A PF ainda não explicou como ocorreu a destruição das provas.
Esta nova etapa foi batizada de "Antídoto" em referência a uma ação policial com o objetivo de cessar os atos criminosos do investigado e de preservar eventuais novas provas.
O ex-superintendente já é réu na Justiça, em ação penal relacionada à 1ª fase da operação. Segundo a PF, ele participou de um esquema de corrupção entre uma grande empresa do ramo alimentício e o ex-chefe do Serviço de Inspeção em Produtos de Origem Animal (Sipoa) de Goiás.
A partir desta nova etapa, os investigados podem responder, ainda segundo a PF, por obstrução de investigação criminal.
A RPC tentou entrar em contado com a defesa de Francisco Carlos de Assis, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve retorno.
1ª fase da Carne Fraca
A 1ª fase da operação foi deflagrada no dia 17 de março e cumpriu 309 mandados judiciais em seis estados e no Distrito Federal. A ação apurou o envolvimento de fiscais do Mapa em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
Em abril, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, decidiu receber as cinco denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF), referentes à primeira fase da operação. Das 60 pessoas denunciadas, o magistrado resolveu acolher denúncias contra 59. Com isso, elas passaram a ser consideradas rés nas ações penais que respondem junto à Justiça.
Atualmente, 24 pessoas seguem detidas em caráter preventivo, ou seja, não têm prazo para deixar a cadeia.
Ex-ministro citado
O ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi citado na 1ª etapa da Carne Fraca. Na época, ele ainda era ministro.
Em uma ligação grampeada, Osmar Serraglio chamou de "grande chefe" um dos líderes do suposto esquema, Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente regional do Mapa.
No domingo (28), o presidente Michel Temer (PMDB) decidiu transferir o ministro Torquato Jardim do Ministério da Transparência para o comando do Ministério da Justiça, substituindo Osmar Serraglio, que estava no cargo desde março.
Reprodução/G1