Um dia depois de mais de 40 criminosos arrombarem, roubarem e destruírem 14 lojas na Rua Senador Pompeu, no Centro do Rio, cerca de 90% das lojas estavam abertas e funcionando na manhã desta terça-feira (23).
Apesar do medo de novos ataques, comerciantes afirmaram que era preciso retomar o trabalho para reduzir o prejuízo. "A vontade é de fechar tudo e ir embora pra casa. Mas tem as dívidas, os empregados, a família para sustentar. Hoje tem polícia na rua. Mas e depois? Daqui a 15 dias quando a coisa esfriar, como é que a gente fica?", questionou um dos comerciantes assaltados.
Com movimento reduzido, os clientes estão assustados, mas não restou muito a fazer a não ser varrer, arrumar e consertar o que foi quebrado, como explicou a funcionária de uma loja de doces e bebidas.
"Trabalho aqui há 10 anos e nunca vi nada disso aqui. Mas de fevereiro pra cá a situação está complicada", Contou a mulher lembrando que a loja já tinha sido roubada há 15 dias. "A gente fica com medo, mas tem de trabalhar, né?".
Segundo uma comerciante de doces, desde cedo foi colocado policiamento na rua e patrulhas faziam rondas na região. "Mas isso só aconteceu depois das lojas arrombadas. De certa forma, foi até bom atacarem todos de uma vez porque aí a gente tem visibilidade. Estou nesta rua há 30 anos e nunca fui assaltada. Mas desde fevereiro esta é a terceira vez que invadem minha loja. Todo dia tem uma loja invadida, mas ninguém liga, nem a polícia investiga. Agora, as pessoas tomaram conhecimento do que estamos passando", reclamou a comerciante.
Empresas de ônibus deixaram de operar em terminal rodoviário
Três empresas de ônibus já deixaram de operar no Terminal Américo Fontenelle, próximo à Central do Brasil, por causa da violência na região. O local fica perto da Rua Senador Pompeu, onde ficam as lojas roubadas nesta segunda. Os ônibus das empresas que deixaram o terminal agora ficam parados na Rua Acre.
De acordo com o Bom Dia Rio, as empresas de ônibus estariam sendo obrigadas a pagar uma taxa para os traficantes da região para conseguirem operar na localidade. O prejuízo causado pela violência para as empresas de ônibus é de cerca de R$ 120 mil por mês.
A Polícia Militar informou que parte das mercadorias roubadas foi recuperada, assim como dois carros. Ninguém foi preso até o momento.
A Polícia Militar informou que faz o patrulhamento da região da Central do Brasil com viaturas e com agentes que caminham pela área. Se uma análise da mancha criminal mostrar que há a necessidade, o efetivo é deslocado para um determinado local. A corporação afirma que está conversando com os comerciantes sobre um possível remanejamento do policiamento.
A Polícia Civil está investigando as denúncias sobre os roubos de lojas. O Comando Militar do Leste informou que só atua na defesa do patrimônio da União.
Reprodução/G1