O trecho da BR-324 continua interditado há quase uma semana devido ao protesto dos moradores de Dirceu Arcoverde, Sul do Piauí, e Remanso, na Bahia, que cobram pavimentação da rodovia. Por conta do bloqueio, caminhoneiros estão procurando rotas alternativas, aumentando a distância entre os dois estados em 200 e até 300 quilômetros. Desde o dia 16, os manifestantes montaram barracas no meio da pista e estão até cozinhando no local.
"Alguns caminhoneiros aderiram ao movimento e estão no local ajudando a bloquear a rodovia. Já outros motoristas estão retornando para Petrolina, de lá seguem por uma estrada asfaltada para São João Piauí e saem em Canto do Buriti, o que aumenta o percurso em 300 km. Já pelo desvio de Campo Alegre, na Bahia, o trecho é de chão batido e fica 200 km mais distante", explicou o morador Manoel Messias.
O trecho, que é divisa dos dois estados, serve de acesso ao Parque Nacional Serra da Capivara e ao Aeroporto Internacional de São Raimundo Nonato. Além disso, a rodovia é uma das principais rotas para o escoamento de hortifrutigranjeiros (atividade ligada à plantação de hortaliças, legumes e frutas) do pólo São Francisco, que vêm de Petrolina e Juazeiro para o Piauí.
O soldado Lúcio Freire, lotado no posto fiscal próximo da divisa entre Piauí e Ceará, destacou que a reivindicação de pavimentação do trecho é antiga, tanto da população local como dos motoristas que trafegam pela região. "A rodovia é uma importante ligação dos dois estados, que recebe grande fluxo de mercadorias vindas da Bahia e Pernambuco com destino ao Piauí, Maranhão e Pará, além de ser acesso ao Porto de Salvador para exportação de grãos", comentou.
O empresário Diego Castelo é proprietário de loja de vestuário em São Raimundo Nonato e revelou que os comerciantes sofrem com a péssima situação da estrada. Segundo ele, o frete das mercadorias ficam mais caro por conta do deslocamento, carros quebrados e risco de assalto.
"É um descaso. Um trecho que era para se fazer em 40 minutos, a gente gasta 6h de viagem. Passo quatro vezes por semana nesta estrada, quando não é uma peça quebra, é um pneu furado ou o motorista doente por conta da poeira", reclamou o caminhoneiro José Ribeira.
O superitendente Paulo de Tarso Cronemberger, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), informou que não há nenhum plano de ação previsto para a BR-324. O G1 também procurou a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para saber como tem sido feito o trabalho de orientação aos motoristas para que busquem rotas alternativas, mas até a publicação da reportagem não houve retorno.
Reprodução/G1