A Concessionária Maracanã Entretenimento encaminhou hoje (11) ao governo fluminense laudo técnico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) sobre os danos causados à lona de cobertura do estádio durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, acompanhado de comparativo com os danos ocorridos na Copa do Mundo de 2014. Segundo a concessionária, cabe ao governo do Rio de Janeiro, na condição de poder concedente, decidir a providências que serão tomadas.
Elaborado pelo IPT em fevereiro deste ano por solicitação da concessionária, que reassumiu a gestão do Maracanã em janeiro após receber o equipamento do Comitê Rio 2016, organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio, o relatório aponta que somente um dos 120 painéis da cobertura do estádio não apresenta anomalias.
[Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro]
Somente um dos 120 painéis da cobertura do estádio do Maracanã não apresenta anomaliasME/Portal da Copa/Daniel Brasil
Os técnicos do IPT analisam que as avarias não provocam risco imediato ao público, à exceção de eventuais goteiras. No médio e longo prazo, porém, a avaliação é que o tempo de vida útil da cobertura será prejudicado caso os reparos necessários não sejam efetuados.
A conclusão da concessionária é que a lona de cobertura, que tem prazo estimado em 25 anos, está comprometida e pode apresentar áreas de goteiras no curto prazo, além de sofrer deterioração e rompimento das suas três camadas em cerca de cinco a dez anos. Cada painel é dividido em 22 seções, o que configura um total de 2.640 subpainéis, dos quais 586 teriam avarias, sendo 361 afetados diretamente pela queima de fogos de artifício.
Danos
O documento do IPT classifica os danos em três graus. Na primeira categoria, estão os danos considerados mais leves ou superficiais, como riscos e marcas, que afetaram 6% das membranas da cobertura. Os danos de grau dois danificaram as camadas externas feitas de teflon, cuja função é proteger as membranas da ação do sol e da chuva e atingiu 14% das membranas. Os danos mais graves compõem a terceira categoria de avarias. A concessionária informou que totalizam 92 furos com até três centímetros de diâmetro e afetaram 3% dos subpainéis vistoriados.
A concessionária disse ter advertido o governo fluminense sobre os riscos para a lona que, apesar de ser incombustível, não deve suportar peso ou calor excessivos e que na apresentação das bandas Foo Fighters, Pearl Jam, Rolling Stones e Coldplay, em shows feitos no Maracanã sob sua gestão, nos anos de 2015 e 2016, foi proibida a utilização de fogos de artifício, obedecendo ao manual técnico da cobertura. Também não foi colocada carga na estrutura acima da permitida pelo manual.
Copa
O laudo do IPT faz comparação com o relatório emitido depois da Copa do Mundo de 2014, por encomenda da Federação Internacional de Futebol (Fifa), que apurou a ocorrência de 116 subpainéis danificados por ação de fogos de artifício.
Na ocasião, a Fifa teve que pagar R$ 16 milhões, em dezembro de 2015, para custeio dos reparos necessários à lona. A Concessionária Maracanã informou que como os reparos demandariam tempo de execução de até dez meses, o governo fluminense não permitiu que fossem feitos porque coincidiriam com o período dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em que o estádio ficaria sob a administração do Comitê Rio 2016.
Procurada pela Agência Brasil, a concessionária respondeu que não teria porta-voz para comentar o laudo. O governo do estado recebeu o documento e procederá à sua análise, antes de divulgar qualquer posicionamento a respeito, informou a assessoria do Palácio Guanabara.
Agencia Brasil