Política

Delator diz ter entregue R$ 300 mil a Marcelo Nilo para 'pré-campanha' ao governo da BA

Valores teriam sido pagos no escritório da Odebrecht, em Salvador, em 2013.

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Marcelo Nilo em Salvador (Foto: Lílian Marques/ G1)

O delator da Odebrecht André Vital Pessoa de Melo afirmou, em depoimento, que o deputado estadual Marcelo Nilo (PSL-BA) recebeu R$ 300 mil em espécie no escritório da companhia, em Salvador, no ano de 2013, para a pré-campanha ao governo da Bahia. De acordo com a denúncia, o valor teria "recursos de caixa 2”.

Procurado pelo G1, o deputado afirmou que “não quer falar sobre o assunto”. Marcelo Nilo não chegou a se candidatar ao governo do Estado em 2014. Ele voltou a concorrer à Assembleia Legislativa e se reelegeu como deputado.

O dinheiro teria sido repassado ao deputado baiano depois de duas reuniões com executivos da companhia, segundo o delator André Vital Pessoa de Melo. O primeiro encontro teria sido entre Marcelo Nilo e Marcelo Odebrecht, no dia 24 de julho de 2013. Após a reunião, Marcelo Odebrecht teria ligado para André Vital para relatar que Marcelo Nilo havia solicitado apoio para sua pré-campanha ao governo do Estado.

Marcelo Odebrecht teria ainda orientado Nilo a procurar André Vital para tratar do assunto. O segundo encontro, entre André Vital e Marcelo Nilo, não teve data determinada no depoimento e teria ocorrido no escritório da Odebrecht em Salvador.

“Pedi autorização ao meu superior hierárquico, Benedicto Júnior, para doar o valor de R$ 300 mil, o que foi aprovado. Os pagamentos foram operacionalizados pela equipe de Hilberto Silva, com recursos de caixa 2, e entregues por mim, em espécie, ao deputado Marcelo Nilo, no escritório da companhia em Salvador”, diz o depoimento de André Vital.

O delator diz ainda que o valor foi pago em três ou quatro parcelas, ao longo do segundo semestre 2013, e entregue pelo próprio André Vital, no escritório da Odebrecht em Salvador.

Ainda em depoimento, André Vital afirma que, no sistema "drousys" – do “setor de propina” da Odebrecht – há registros do montante de R$ 180 mil, dos quais R$ 105 mil, na data de 16 de setembro de 2013, e R$ 75 mil, em 14 de outubro de 2013. O deputado era citado no sistema com o codinome "Rio".

Petição

O deputado estadual Marcelo Nilo (PSL) é suspeito de receber vantagens indevidas para sua campanha eleitoral à Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), no ano de 2014. A acusação foi feita pelos delatores da Odebrecht André Vital Pessoa de Melo e Benedicto Barbosa da Silva Júnior. O valor do repasse não é especificado na denúncia, que foi encaminhadapara o Tribunal Regional Federal da 1ª região, por meio de petição, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin.

Vital disse que, ainda em 2013, Nilo solicitou a contribuição a pretexto da campanha eleitoral do ano seguinte, e que levou o pedido à aprovação de Benedicto Junior. Na ocasião, Nilo disputava o cargo pelo PDT – o parlamentar se filiou ao PSL em março de 2016, quando também assumiu a presidência do partido.

Benedicto, segundo Vital, autorizou que o pagamento fosse operacionalizado por intermédio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, departamento cuja finalidade era realizar pagamento de propinas, de acordo com a investigação.

Benedictor Júnior confirmou, no depoimento, que autorizou o pagamento acordado por André Vital ao parlamentar. O valor do repasse não é especificado na denúncia, que foi encaminhada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin para o Tribunal Regional Federal da 1ª região.

Por telefone, Marcelo Nilo disse ao G1, na última quinta-feira (13), que, à época, recebeu R$ 300 mil da Odebrecht, divididos em três parcelas, e que o valor consta na prestação de contas feita ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). "O repasse foi contabilizado e está na minha prestação de contas. Estou tranquilo", destacou.

Reprodução/G1