Um dos donos do Grupo Odebrecht, Emilio Odebrecht, levou uma "bronca" de um dos promotores de Justiça do Ministério Público enquanto prestava depoimento no âmbito da delação premiada. Cedido às investigações, o promotor de Justiça do Distrito Federal Sérgio Bruno Fernandes pediu que o delator "deixasse de historinha", e falasse "as coisas como elas são".
Naquele momento, Emílio Odebrecht falava sobre o relacionamento da empresa com os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega. Questionado sobre as segundas intenções por trás das doações de campanha, o ex-executivo disse que não poderia confirmar se a empresa tentava "manter as portas abertas" com o governo.
"Olha, eu não sei lhe informar. Nem que seja, nem que não seja. Minha percepção é que tinham outras coisas. O que eu tiro é o lado pessoal […] Acho, eu seria leviano de querer afirmar uma coisa que eu não tenho como provar."
Em resposta, Emílio ouviu uma reprimenda de Fernandes – que é do MP do DF, mas está cedido ao Ministério Público Federal para atuar nos acordos de delação. O promotor disse que "essa história de doação de campanha" era, na visão dele, "uma desculpa para se pedir propina e corrupção".
Ainda de acordo com o promotor, os R$ 300 milhões supostamente pagos a Palocci e Mantega ao longo de seis anos "podia ter sido [gasto] construído escola, hospital e todo esse Brasil que o senhor sonha e quer ver. Esse dinheiro poderia estar lá".
"Então vamos agora deixar de historinha, de conto de fada e falar as coisas como elas são. Está na hora de a gente dizer a verdade, como a coisa suja é feita. Não é possível que um ministro da Fazenda fique pedindo dinheiro todo mês para um empresário. Isso não é admissível", diz.
(G1) (AF)