Dois delatores da Operação Lava Jato apontam que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pediu dinheiro para o governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), em 2010. A revelação foi feita pelos executivos da Odebrecht Mário Amaro da Silveira e Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis à Procuradoria-Geral da República. “Segundo o Ministério Público, os colaboradores narram, em suma, que, no ano de 2010, o Grupo Odebrecht efetuou repasse de valores ao então candidato ao governo do Estado de Tocantins Marcelo de Carvalho Miranda.
Tais pagamentos foram realizados a pedido do ex-deputado Federal Eduardo Cunha, com o propósito de proteger interesses da empresa, sendo que as tratativas eram celebradas com o assessor de Marcelo Miranda, Herbert Brito”, narrou o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. O ministro determinou o levantamento do sigilo dos autos e mandou enviar os depoimentos dos delatores para o Superior Tribunal de Justiça. O governador Marcelo Miranda possui foro por prerrogativa de função junto ao STJ. “Registro que a presente deliberação não importa definição de competência, a qual poderá ser avaliada nas instâncias próprias”, observou Fachin. Eduardo Cunha está preso na Lava Jato desde outubro de 2016. O ex-deputado foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 15 anos e 4 meses por corrupção e lavagem de dinheiro.
Estadão