O garoto de sete anos que foi baleado na perna esquerda durante uma ação da Polícia Militar no bairro de Pernambués, em Salvador, na noite de segunda-feira (3), segue internado nesta quarta-feira (5) no Hospital Geral do Estado (HGE). Na ocasião, um suspeito morreu e outro foi preso. Segundo a família do garoto, a criança passa bem, mas a bala não pode ser retirada da perna dele, porque estaria alojada no osso.
Moradores da comunidade onde a vítima mora denunciam que os policiais chegaram na localidade atirando e negam a versão da PM de que houve troca de tiros com suspeitos. “A polícia aqui, realmente, entra atirando. A gente paga a polícia para nos proteger. Nós pagamos nossos impostos, certo, para ter proteção. A bala que ele usou, que pegou na criança, quem paga, somos nós nossos impostos", desabafou um morador que não quis se identificar.
Em protesto contra a ação policial, os moradores queimaram dois ônibus na Ligação Iguatemi Paralela (Lip). A Secretaria de Segurança Pública (SSP) reafirma que os policiais foram recebidos a tiros e diz que as circunstâncias da operação serão investigadas. A polícia afirma ter apreendido com os suspeitos um revólver calibre 38 e drogas.
Segundo a família, criança foi baleada logo após sair da escola. O garoto estava com o pai e uma prima de 5 anos, a 20 metros de casa, quando foi baleado na Rua das Flores. Ele foi socorrido pelos próprios familiares para o Hospital Geral do Estado. A avó do menino, Raimunda Damasceno, está preocupada com a bala que ficou na perna da criança.
“Espero em Deus que ele não sofra nenhuma fratura, porque o médico ortopedista não conseguiu retirar a bala, porque está alojada no osso. [O médico] diz que para retirar a bala tem que 'quebrar' a perna, mas já garantiu à mãe que não vai ter problema de ele conviver com essa bala”, diz.
A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), responsável pelo HGE, não divulga informações sobre os pacientes internados na unidade médica.
Confronto
Segundo a polícia, o confronto ocorreu por volta das 17h30 de segunda-feira. O homem morto no tiroteio, foi um dos suspeitos que receberam a guarnição da 1ª Companhia Independente (CIPM) a tiros na Rua das Flores, após os policiais terem ido ao local averiguar a denúncia de que um grupo de cinco pessoas estava armado na região.
A PM disse que, ao chegar ao local, constatou a presença de somente dois suspeitos. Os homens, de acordo com a polícia, começaram a atirar contra a viatura e houve o confronto. Um dos suspeitos foi preso e o outro baleado.
Segundo a PM, o homem baleado, que não teve identidade divulgada, chegou a ser levado para o Hospital Roberto Santos pelos próprios policiais, mas não resistiu aos ferimentos e morreu antes de ser atendido.
Ainda não há informações sobre de onde partiu o disparo que atingiu a criança de sete anos. O menino foi baleado na panturrilha esquerda, segundo a PM. A polícia informou que os policiais só ficaram sabendo que a criança tinha sido ferida depois da ação contra os suspeitos.
Protesto
O protesto de moradores de Pernambués, após a ação, na noite de segunda-feira, ocorreu no final da Avenida Paralela, no sentido centro. No local, além dos ônibus, os manifestantes queimaram objetos na pista e interromperam o trânsito, na altura da Madeireira Brotas, por volta das 18h30.
Por conta da manifestação, o engarrafamento na Paralela, por volta das 19h, já estava na altura do bairro do Doron, segundo informações da Superintendência Municipal de Trânsito (Tansalvador).
A PM informou que guarnições da 1ª CIPM, 35ª CIPM, da Operação Gêmeos e da CIPT Rondesp Central foram enviados para a região da Madeireira Brotas, na altura de Pernambués, onde dois ônibus foram incendiados. Ainda segundo a corporação, por volta das 19h40, a situação já estava controlada no local. O trânsito, no entanto, ficou congestionado na região até por volta das 20h40.
Reprodução: G1