Brasil

Ex-mulher e filhas de fundador da Mancha Verde chegam para depor em delegacia

Elas foram convocadas pela polícia, que quer saber se Moacir Bianchi recebia ameaças.

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Ex-mulher e as duas filhas de Moacir Bianchi, fundador da Mancha Verde morto com 22 tiros na última quinta-feira (2), chegaram à sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para depor na manhã desta segunda-feira (6). A polícia quer saber se a vítima já havia recebido algum tipo de ameça antes do crime, que foi registrado por uma câmera de segurança.

A Polícia Civil começou a ouvir as testemunhas do assassinato de Bianchi nesta segunda. O advogado da família, Jonas Marzagão, já adiantou, no entanto, que os parentes não tinham conhecimento de ameaças ou alguma inimizade da vítima com demais integrantes da torcida organizada.

"A família vai relatar os fatos que tem conhecimento. Agora se vai ser importante para investigação ou não nós não sabemos”, disse ele. “Tive contato ontem com a família. Estão chocados, então não deu para ter uma conversa mais profunda, mas com certeza algum problema teve para gerar essa morte absurda", ressaltou.

Além dos parentes da vítima, integrantes da torcida, entre eles o atual presidente Anderson Nigro, também devem ser ouvidos.

A investigação indica que um pouco antes do crime Bianchi participou de uma reunião na sede da Mancha. O clima foi tenso, segundo áudios de participantes divulgados na internet. A polícia investiga se ali ele já estava jurado de morte e pretende ouvir na próxima semana as pessoas que estavam na reunião.

Uma das gravações descreve um clima tenso entre Bianchi e Nigro, conhecido como Nando. A suspeita da polícia é a de que uma facção criminosa estivesse tentando controlar a atual diretoria e Bianchi, um dos fundadores, era contra.

“O Nando tava completamente alterado, meu, chamando o Moacir de bêbado, de drogado. Nessa, esse irmão, ele tá falando que ele se apresentou não sei o quê, já tava todo arrogante, mano, falando: ‘que aqui é o comando’, que não sei o quê, certo? ‘quem você acha que é você pra tomar a torcida?’ aí o Moacir falou: ‘ninguém quer tomar a torcida não, sou fundador’. Ele virou pro Moacir e falou assim: ‘ó, se até o fundador do Comando já morreu, você acha que você não vai morrer?’”, diz um dos áudios.

Outra gravação afirma que houve uma discussão. "Falaram que não tinha que resolver p… nenhuma, que agora a Mancha era do crime, não tinha mais nada de torcida lá". Em uma terceira gravação, outro suposto participante diz que haverá vingança. "Toda essa bandidagem…os "cara" vão ser tombados. Não é promessa. É juramento."

A TV Globo tentou contato com Anderson Nigro, mas ele não atendeu às ligações. A polícia também investiga outros possíveis motivos para o crime: Moacir Bianchi era dono de uma casa noturna e de um comércio em Guarujá, no litoral.

Durante a semana, a Mancha Alviverde chegou a anunciar o encerramento das atividades por tempo indeterminado. Neste sábado, a torcida organizada divulgou uma nova nota.

"Informamos através dessa nota que a torcida Mancha Alviverde não irá encerrar suas atividades. Estamos passando por um momento de reestruturação, e tambem em respeito ao luto pela morte do nosso fundador e ex-presidente Moacir Bianchi, a torcida pemanecerá com as suas atividades suspensas nos próximos dias. Pedimos para que todos os associados tenham compreensão e respeitem o momento que a entidade vem passando. Em breve retornaremos com novas informações sobre a entidade", diz o texto.

Reprodução/G1