Os motoristas do Uber fizeram uma oração na Barra, depois de uma carreata em protesto por conta da morte de um colega, baleado dentro do carro no Cabula. O corpo de Ramiro Fernandes Teles da Rocha, 23 anos, foi sepultado no Cemitério Bosque da Paz, na tarde desta quarta-feira (1º). Os colegas organizaram o protesto pedindo mais segurança do aplicativo e também das autoridades.
A carreata teve ponto de encontro no CAB, após o enterro, e saiu pela Avenida Paralela, Lucaia e Avenida ACM. Uma parte do grupo foi em sentido ao Iguatemi, enquanto outros foram para Ondina e depois em direção ao Farol da Barra, onde desceram dos carros e rezaram de mãos dadas pedindo justiça e segurança. Segundo a Transalvador, houve registro de lentidão na Avenida Adhemar de Barros, em Ondina, e também na orla da Barra.
Após rezarem um Pai Nosso, um dos membros do grupo disse palavras de protesto pela morte do colega. "Ramiro, sua morte não vai ser em vão. Seus parceiros Uber estarão com você para sempre. Um bom lugar para você, irmão", disse Adauto Santos, 32. As palavras foram seguidas de uma salva de palmas.
"Somos 10 mil pais de família (em Salvador) que arranjaram no Uber uma forma de ganhar a vida", disse Eduardo Barata, também motorista de Uber. Seu colega, Natanael Souza pede que o aplicativo ofereça mais garantias aos associados. "Os passageiros têm todos os nossos dados, mas nós não temos os deles", reclamou o profissional.
Vizinho de Ramiro, Hamilton Silva, 45 anos, diz que ele estava trabalhando com Uber há 1 mês. Antes de virar motorista do aplicativo, o jovem trabalhava no buffet do pai. Ramiro então decidiu trabalhar por conta própria e pai dele conseguiu comprar um carro para que o rapaz pudesse trabalhar com o serviço de caronas pagas. "Era muito querido, um bom filho, bom amigo. Muito prestativo. Todos lá nos Dois Marotinhos gostavam dele", lamenta Hamilton. Ramiro deixa dois filhos, de 2 e 4 anos.
A 2ª Delegacia de Homicídios, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), investiga o caso e informou, na terça-feira, que já pediu ao serviço Uber para saber se a vítima estava de serviço e, em caso afirmativo, vai solicitar informações sobre roteiros e pedidos de clientes no dia do crime. A autoria e a motivação do crime são desconhecidas.
Procurada novamente nesta quarta, a assessoria da Polícia Civil informou que não vai comentar o caso para não atrapalhar a investigação.
Procurada pelo CORREIO, a Uber informou que está colaborando com a polícia nas investigações, mas preferiu não dar mais detalhes. Há cerca de duas semanas, a empresa anunciou uma nova medida para evitar a violência contra os motoristas – quem solicitar pagamento em dinheiro terá que completar o cadastro fornecendo um CPF.
A mudança aconteceu após queixas de aumento de violência por conta da introdução deste método de pagamento – antes, a Uber só aceitava cartão de crédito. A novidade começou por São Paulo, mas deve ser estendida para outras capitais baianas – a empresa não divulgou um cronograma para isso.
(Correio) (AF)