Notificados oficialmente nesta terça-feira, 7, da expulsão do PT, os vereadores Luiz Carlos Suíca e Moisés Rocha prometeram recorrer da decisão do diretório municipal do partido e dizem estar sofrendo um “golpe”. Eles são acusados de descumprir resolução da legenda e não votar na correligionária Marta Rodrigues para a presidência da Câmara Municipal de Salvador. Com mais de 20 anos de partido, Suíca e Moisés justificam que são militantes históricos da legenda, seguem os princípios básicos do PT e ressaltam que não querem deixar o partido.
“Nós lutamos contra o golpe dado contra a presidenta Dilma Rousseff, mas alguns alunos dos golpistas estão no PT repetindo internamente o que foi feito nacionalmente. Como eu sempre brinco: golpe no dos outros é refresco”, afirmou Moisés ao A TARDE. Segundo ele, a decisão é uma afronta aos princípios básicos do partido. “O PT sempre se pautou pelo respeito à pessoa humana, mas faltou respeito (no processo de expulsão). Faltou diálogo, debate das ideias, amplo direito de defesa”, critica.
Na mesma linha, Suíca diz que o processo é inédito. “Querem expulsar dois vereadores negros, das camadas mais carentes, dos movimentos sindicais, forjados nas lutas históricas do PT, com mais de 20 anos de partido. Meus filhos foram criados no ambiente petista”, disse.
Ambos votaram no vereador Leo Prates (DEM) para a presidência da Câmara, o que resultou na abertura do processo de expulsão.
A vereadora Marta Rodrigues (PT), que concorreu contra Prates, se esquivou e disse que não iria comentar a expulsão dos colegas. “O partido é que tem competência. Não estou entrando nesse debate”, disse. Notificados oficialmente, os dois vereadores vão recorrer à executiva estadual do PT.
Estopim
O vice-presidente municipal do PT, Paulo Mota, rebateu as acusações dos vereadores. Ele disse que houve tentativas do diretório de realizar reuniões com os dois vereadores para iniciar o debate sobre a estratégia política para a Câmara, mas eles não compareceram.
“Não fizeram questão de reunião com ninguém. Tudo foi protocolado, tiveram direito de defesa. Houve desrespeito à direção municipal”, afirmou.
Mota também criticou os posicionamento dos vereadores em relação ao processo de expulsão. “Estão dando porrada na gente, mas não fazem o enfrentamento à gestão municipal, não atacam a maquiagem feita pelo prefeito (ACM Neto). Não sei em que time estão. Não podemos ficar com vereadores que não cumprem as resoluções”, ressaltou.
Com isso, os vereadores já estão sendo “cortejados” por outros partidos. O líder do PHS na Câmara, vereador Téo Senna, por exemplo, convidou publicamente ambos para o partido.
Reprodução: A Tarde