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Polícia indicia responsáveis por ônibus que matou 18 pessoas em SP

Acidente com ônibus universitário aconteceu em junho do ano passado

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 src=Quase oito meses depois da tragédia na rodovia Mogi-Bertioga, onde morreram 17 universitários e o motorista de um ônibus fretado, a Polícia Civil indiciou duas pessoas pelo acidente. A proprietária da empresa, Daniela de Carvalho Soares Figueiredo, e o gerente de manutenção da União do Litoral, Adriano André do Vale, responderão pelas mortes. A falta de manutenção no coletivo que transportava os estudantes para São Sebastião é apontada como a causa determinante do acidente.

Essa possibilidade já havia sido adiantada em dezembro do ano passado pelo então delegado Marcello Marinho Costa de Oliveira. Na ocasião, ele tinha acabado de colher o depoimento de um dos sobreviventes, o estudante Felipe Ferreira, que disse ter escutado o freio estourar. A informação do universitário sugeriu a falta de manutenção.

O advogado José Beraldo, que representa 12 famílias que tiveram parentes vitimados no acidente, comemorou a decisão. "Foi uma grande vitória. Já há o indicamento e a palavra deles (donos da empresa de ônibus) não convence. Agora, nós vamos trabalhar para que o Ministério Público denuncie a dona da empresa e o gerente de manutenção por 18 homicídios com dolo eventual. Quero que vá para Tribunal de Júri, além de lesões corporais, mas a Justiça já está sendo feita", disse. 

Já a União do Litoral informou que o indiciamento não quer dizer que as pessoas serão condenadas e que a companhia já juntou documentos para comprovar que a manutenção estava em ordem. Além disso, segundo a União do Litoral, um outro laudo pericial foi feito para comparar as informações com o da Polícia Científica.

Na próxima quarta-feira (8), quando o acidente completa oito meses, familiares das vítimas farão um protesto em frente ao Fórum de São Sebastião para pedir Justiça e mais rapidez na decisões das ações.

Acidente
O ônibus que levava alunos de três universidades de Mogi das Cruzes para o município de São Sebastião se acidentou no Km 84 da Mogi-Bertioga, no limite entre Mogi das Cruzes e Bertioga, na noite do dia 8 de junho. O coletivo bateu em um rochedo na pista de sentido contrário, capotou e caiu em um barranco. O acidente deixou 18 mortos, entre eles o motorista do veículo.

O laudo pericial foi concluído em 24 de junho e, segundo o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, indicava que o veículo apresentava problemas para frear por causa do desgaste excessivo dos tambores dos freios dianteiros.

Algumas das vítimas que sobreviveram, como Erick Pedralli e Felipe Ferreira, participaram de um protesto em frente à delegacia de Bertioga, no começo de dezembro do ano passado, para cobrar mais celeridade no término do inquérito. Isso porque nenhuma das famílias foram indenizadas e muitos têm gastos com tratamento de terapia, além dos estudantes que ainda não conseguiram retornar à faculdade.

Indenização
Segundo o TAC apresentado às famílias pela Defensoria Pública, a empresa seria responsável por custear o atendimento médico, sessões de fisioterapia e atendimento psicológico, além de uma indenização por danos materiais, morais, corporais e estéticos provocados pelo acidente. No entanto, a maioria das famílias rejeitou o valor da proposta.

O advogado José Beraldo representa a maioria das famílias de vítimas e sobreviventes do acidente. Em agosto deste ano, ele afirmou que havia entrado com ações de indenização de R$ 1,5 milhão para cada família. Agora, ele diz que está trabalhando para uma solução dos casos.

Reprodução: G1