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Servidores protestam na reabertura dos trabalhos na Alerj; veja imagens

Nesta quarta-feira (1º), a Alerj reabriu os trabalhos para reeleger o presidente da casa,Jorge Picciani.

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Servidores estaduais que se concentravam em manifestação em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) desde a manhã desta quarta-feira (1º) entraram em confronto com a Polícia Militar por volta das 14h desta quarta-feira (1º). A confusão começou quando representantes de alguns sindicatos tentavam puxar a grade de proteção que cercava o prédio do Palácio Tiradentes. Os PMs atiravam bombas de efeito moral para afastar os manifestantes. Eles revidaram atirando pedras na direção do policiais, como mostrou a Globonews.

As imagens mostram que o grupo usou uma corda para tentar derrubar o cercado. Os manifestantes pedem, entre outras pautas, a regularização dos pagamentos. O trânsito na Rua Primeiro de Março, foi bloqueado por volta das 13h e os manifestantes se espalharam pela rua bloqueada.

Desde cedo servidores da Cedae, universidades estaduaise bombeiros começaram a se concentrar nas imediações da Alerj. O protesto com cartazes e faixas era tranquilo.

No momento da confusão a Igreja de São José permanecia fechada. Alguns servidores usavam como escudo cartazes onde se lia a palavra "Paz".

Homem se feriu 
Um homem, que se identificou como servidor da Cedae, foi ferido na perna durante a confusão. servidor. Adalberto Saraiva Coelho, 57 anos, disse que foi atingido por um tiro de bala de borracha na perna. Sangrava muito e depois do apelo de pessoas que viram o homem ferido, foi encaminhado por PMs para ser socorrido pelos bombeiros.

Prevendo novos protestos, a assessoria da Casa informou que o efetivo que fará a segurança do entorno da Alerj será a mesma que a do fim do ano passado. Serão 500 homens da Polícia Militar e Força Nacional que vão se revezar para guardar o perímetro do palácio.

Privatização da Cedae
Os servidores da Cedae, por exemplo, pedem que a empresa não seja usada como moeda de troca pelo poder estadual no acordo fechado com o poder federal para receber ajuda financeira. De acordo com os trabalhadores, a empresa registrou lucro de R$300 milhões no último ano. Eles pediram que a área de saneamento receba mais investimentos.

O deputado Carlos Osório (PSDB) foi interpelado por manifestantes quando entrava na Alerj. "O governo do estado está cometendo do mesmo erro ao preparar o pacote sem dialogar com a população. O governador negociou sozinho em Brasília e não temos informação do que foi negociado", contou Osório, destacando que é impossível fechar um acordo dessa proporção sem conversar com os parlamentares do RJ e com setores da sociedade. Logo no início da sessão, deputados do PSOL exibira cartazes de protesto contra as medidas de ajuste fiscal.

 

"A Cedae e uma empresa pública que leva saúde. A Cedae cobra 3,09 por mil litros de água. A empresa de saneamento não é gasto, e investimento e sempre foram jogadas para segundo plano", destacou Roberto Rodrigues, do sindicato que representa os trabalhadores da Cedae.

"Não se pode vender a Cedae como se vende um saco de batatas", destacou o engenheiro sanitarista Flávio Guedes, que pede audiências públicas com prefeitos e câmaras de vereadores para consultá-los sobre a questão. Com 42 anos de empresa e já tendo ocupado o cargo de diretor na empresa, ele destaca que a venda é contra a lei. "O saneamento e uma concessão baseada na constituição de 88. Quando eles pegam a Cedae e querem vendê-la estão a burlando", explicou Flávio.

Abertura do ano legislativo
Nesta quarta-feira (1º), às 13h, a Alerj reabre os trabalhos sem, no entanto, votar nenhuma proposta. É um dia para os parlamentares tomarem "fôlego" para o que há por vir nas próximas semanas. Em jogo, está a proposta do governo federal que promete desafogar o estado em troca de contrapartidas. O presidente da casa, Jorge Picciani, deverá ser reeleito para continuar no cargo pela sexta vez. Ele concorre em chapa única.

Neste início de 2017, o governo precisa, por exemplo, aprovar medidas de ajuste fiscal e passar na Alerj a privatização da Cedae. Desde o agravamento da crise, em 2015, o estado já anunciou uma série de medidas que não passaram pela Casa, como a extinção de seis fundações estaduais, e mais a Suderj. A aprovação representaria ema economia de R$ 88 milhões, mas o projeto foi barrado.

Servidores universidades 
Os trabalhadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), também participam do protesto. "Recebemos duas parcelas do mês de dezembro. O 13° e o mês de janeiro ninguém fala. A gente se vira, arranja empréstimo, mas tem gente que não tem mais como se virar", explicou Silvana Freitas, servidora da Uenf desde 2002, ressaltando que nunca viu a universidade em uma situação tão grave.

Crise no ano passado
Ao longo de 2016, a cena se repetiu. Em fevereiro, o governador Luiz Fernando Pezão pediu apoio aos deputados para aprovar um pacote de ajuste fiscal que esperava gerar uma economia de R$ 13 bilhões. Uma das propostas era aumentar a contribuição previdenciária de 11 para 14%. No mês seguinte, já esperando uma derrota na votação, o governo retirou o projeto da Alerj.

O presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB), chegou a criticar a gestão de Pezão e a capacidade do governador para responder à crise. Pezão minimizou e reforçou que o convívio com Picciani era "proeficiente, sem crise e sem racha". Mas o "puxão de orelha" do presidente da Alerj veio.

Em entrevista ao RJTV, Picciani disse à época que "é preciso ter chefe de [poder] executivo". Com Pezão de licença para tratar um câncer, o governador em exercício, atual vice-governador, Francisco Dornelles, tinha como "missão" oferecer novas saídas e, com isso, veio um novo pacote.

O objetivo era gerar uma economia de R$ 1 bilhão. Na época, o governo suspendeu via decreto os programas Renda Melhor e Renda Melhor Jovem, além de cortar cinco secretarias. Fora isso, propôs também reduzir 30% os gastos de pastas, exceto da Saúde, Educação, Segurança e Administração Penitenciária.

Como medidas, o novo pacote apresentado na interinidade de Dornelles propunha vender dez imóveis do Estado, entre eles a Ilha de Brocoió. Apesar disso, nada foi vendido. O vice-governador chegou a comentar a possibilidade de se vender a Cedae – algo que este ano de 2017 se concretizou como exigência do governo federal e serviria de contrapartida pela renegociação da dívida com a União. Pezão mesmo era resistente à medida.

'Pacote de maldades' 
No mês seguinte, a Alerj aprovou o estado de calamidade pública financeira no Rio. Era a brecha para o Estado apresentar, três dias depois, as medidas de austeridade apelidadas por servidores do funcionalismo público de "pacote de maldades".

Mais decretos vieram e o número de secretarias do RJ deveria cair para 12 e foi fixado um prazo para extinguir o Aluguel Social – que custeava, por exemplo, a moradia de vítimas da trágedia na Região Serrana do estado.

Pezão ainda enviou à Casa mais 22 medidas e, em nova tentativa, tentou aprovar o aumento da alíquota de contribuição previdenciária, mas com uma novidade: cobrança extra por 16 meses de 16%. Se aprovada, os servidores do estado passariam a pagar 30% dos salários como forma de contribuição para a RioPrevidência.

Com isso, a expectativa do executivo era gerar uma folga de quase R$ 28 bilhões. "Essas são medidas duras. Ninguém aqui está satisfeito. São medidas que mostram o horizonte que nós podemos atravessar essa turbulência, essa queda que nós tivemos do nosso PIB, das nossas receitas. Principalmente das nossas receitas aqui no Estado do Rio de Janeiro", declarou Pezão à época.

Reprodução/G1