Com o receio de indicar alguém que passe a mensagem pública de interferência no Poder Judiciário, o presidente Michel Temer avalia para o STF (Supremo Tribunal Federal) nomes com perfis e trajetórias semelhantes aos do ministro Teori Zavascki. O peemedebista tem sido orientado por assessores presidenciais e por conselheiros informais a optar por um nome técnico, apartidário e discreto, com passagem em um dos tribunais superiores do país, evitando se indispor, assim, com os demais ministros da Suprema Corte ao escolher alguém com trajetória partidária ou que integre o governo federal. Em conversas reservadas, auxiliares e aliados do presidente passaram a citar no final de semana nomes como os de Isabel Galotti, Luis Felipe Salomão e Ricardo Villas Cueva, ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça), e Ives Gandra Filho, presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho). Além deles, o entorno do peemedebista tem lembrado do tributarista Heleno Torres, que já foi cotado no governo Dilma Rousseff para assumir vaga no Supremo. Ele é próximo do ministro Ricardo Lewandowski, que foi seu colega na USP (Universidade de São Paulo), e sua indicação teve o apoio à época do então ministro Luis Inácio Adams, da AGU (Advocacia Geral da União). Próximo a Temer e ligado ao PSDB paulista, o ex-procurador do Ministério Público de São Paulo Luiz Antonio Marrey, que foi secretário estadual no governo tucano, é citado. Mas sua relação política é apontada como contrária ao perfil buscado pelo presidente, o que tem levado seus defensores a tentar desvencilhá-lo da sigla.
A escolha de um substituto para Teori, morto na quinta-feira (19) em um acidente aéreo em Paraty (RJ), foi um dos assuntos discutidos nas rodas de conversas durante o velório do ministro no sábado (21), em Porto Alegre.
A possibilidade do presidente escolher os ministros Alexandre de Moraes (Justiça) e Grace Mendonça (AGU) foi criticada por magistrados e advogados, para os quais a vinculação de ambos com a atual administração pode gerar uma repercussão negativa no Poder Judiciário.
Na cerimônia fúnebre, o peemedebista disse que escolherá o sucessor de Teori após o STF definir quem será o relator dos processos da Operação Lava Jato.
Nas palavras de um assessor presidencial, o objetivo da iniciativa foi reforçar a ideia de que o governo não pretende interferir nas investigações em andamento.
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