Odebrecht se comprometeu a pagar US$ 59 milhões ao Panamá como garantia enquanto seus casos de subornos são investigados neste país, informou nesta quinta-feira (12) a procuradora-geral panamenha, Kenia Porcell.
Essa é a mesma quantia de dinheiro que o governo dos Estados Unidos estabeleceu que a Odebrecht tinha destinado a pagamentos de propina no Panamá.
"Recebi o compromisso formal, de maneira verbal (da construtora), de entregar em um breve prazo os primeiros US$ 59 milhões e/ou garantias que a empresa desembolsou como pagamento de subornos a pessoas naturais e jurídicas panamenhas", declarou a titular do Ministério Público do Panamá em um pronunciamento à imprensa.
Um relatório divulgado em dezembro do ano passado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos indicou que a Odebrecht pagou no Panamá, entre 2009 e 2014, US$ 59 milhões em propinas.
Esses recursos são parte de um esquema que a Odebrecht repetiu em mais de 100 projetos em 12 países de América Latina e África com desembolsos de US$ 788 milhões em subornos, segundo a autoridade americana.
A empresa já alcançou acordos judiciais com os governos de EUA, Brasil e Suíça para pagar multas que somam até agora US$ 2,047 bilhões. Empresa também pagou US$ 8,9 milhões em um acordo preliminar com o Peru no último dia 5, que deverá ter a quantia elevada, segundo as autoridades do país.
Em comunicado, a Odebrecht disse que "vem cooperando com autoridades brasileiras e estrangeiras para o avanço de investigações em curso". "A extensa colaboração promovida demonstra o seu entendimento por uma necessária mudança de postura na relação entre entes públicos e privados. A empresa vem adotando as medidas necessárias para aprimorar seu compromisso com práticas empresariais éticas e de promoção da transparência em todas as suas ações, com o objetivo de virar a página e evoluir continuamente", afirmou a empresa.
Investigações no Panamá
Porcell esclareceu em seu breve pronunciamento nesta quinta-feira que o compromisso da Odebrecht com o Panamá "não afeta o resultado das investigações do Ministério Público" sobre casos de suposta corrupção que envolvem a construtora.
"A Odebrecht nos manifestou seu desejo de colaborar eficazmente com as investigações realizadas na República do Panamá", acrescentou a procuradora-geral.
Uma Procuradoria Especial Anticorrupção criada no último dia 28 de dezembro está encarregada exclusivamente dos casos de suposta corrupção que envolvem a Odebrecht.
Na ocasião, o governo panamenho vetou a participação da Odebrecht em novas licitações no país até que a empresa ressarça o Estado e colabore com as investigações judiciais de casos de suposta corrupção.
O Panamá também quer cancelar um contrato já assinado com a empresa para a construção de uma hidrelétrica no país, avaliado em US$ 1 bilhão.
Reprodução/G1