O presidente Michel Temer afirmou nesta quinta-feira (22) que não pensa em renunciar ao cargo e que vai recorrer com "recursos e mais recursos" caso o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) julgue procedente a ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. "Não tenho pensado nisso [em renunciar ao cargo de presidente da República]", disse Temer durante café da manhã com jornalistas no Palácio da Alvorada. "Havendo uma decisão [do TSE por cassar a chapa], haverá recursos e mais recursos", completou Temer. O presidente, porém, ressaltou que será "obediente" à decisão final do Judiciário seja ela qual for.
No primeiro semestre do ano que vem o TSE deve julgar uma ação protocolada pelo PSDB, hoje na base de Temer, pedindo a cassação da chapa PT-PMDB por suposto abuso de poder político e econômico nas eleições presidenciais de 2014.
LAVA JATO
Citado por pelo menos três delatores da Odebrecht por supostas práticas ilegais, Temer afirmou que não "insurgiu" contra a Operação Lava Jato, mas que não se pode "soltar uma delação por semana".
"Pedi que se acelere o processo", ressaltou o peemedebista.
O presidente admitiu que vazamentos do conteúdo das delações da empreiteira "cria um clima de instabilidade no país" ao atingir o coração de seu governo, com citações a seu nome e ao de dois de seus principais auxiliares, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Parcerias e Investimentos).
Mesmo assim, Temer garantiu que não vai afastar Padilha do cargo.
"Não tirarei o chefe da Casa Civil. Ele continua firme e forte à frente da Casa Civil. Não haverá mudança nenhuma", afirmou o presidente.
O presidente, porém, deixou em aberto a possibilidade de fazer uma reforma ministerial no ano que vem para agradar a aliados insatisfeitos com pouca participação no governo.
"Não sei o que vai acontecer lá na frente mas não há intenção, nesse momento, de fazer qualquer alteração ministerial", completou.
IMPOPULARIDADE
Temer disse ainda que está aproveitando a impopularidade de seu governo para tomar medidas consideradas impopulares, mas que, na sua avaliação são "necessárias ao país", como as reformas Trabalhista e da Previdência.
"Um governo com popularidade extraordinária não poderia tomar medidas impopulares", afirmou o presidente. "Estou aproveitando a suposta impopularidade para tomar medidas impopulares", completou.
Após o café da manhã, porém, Temer disse que não abria mão da popularidade, mas que os índices não o incomodavam para governar.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, a popularidade de Temer despencou desde julho, acompanhada da queda de confiança na economia a níveis pré-impeachment de Dilma Rousseff.
Segundo o levantamento, 51% dos brasileiros consideram a gestão do peemedebista ruim ou péssima, ante 31%, em julho. Além disso, 63% dos entrevistados querem a renúncia do presidente para a realização de eleições diretas.
Reprodução: Folha de São Paulo