Brasil

Temer diz que baixa popularidade 'abala' mas que será reconhecido 'lá na frente'

Em café da manhã com jornalistas, ele comentou pesquisa sobre aprovação do governo; presidente afirmou que não pensa em renúncia e que recorrerá se chapa Dilma-Temer for cassada pelo TSE.

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O presidente Michel Temer fala com jornalistas durante café da manhã no Palácio da Alvorada (Foto: Luciana Amaral/G1)

Presidente Michel Temer afirmou nesta quinta-feira (22) que o baixo índice de aprovação da sua gestão "abala" mas não o incomoda para governar. Durante café da manhã com jornalistas no Palácio da Alvorada, o presidente disse que "lá na frente haverá reconhecimento" das medidas adotadas pelo governo.

Na última sexta (16), pesquisa Ibope revelou que 13% dos entrevistados avaliaram o governo Temer como ótimo ou bom. Por outro lado, 46% disseram que o governo é ruim ou péssimo. Em outubro, a aprovação do governo era de 14% contra 39% que desaprovavam a gestão.

"Não abro mão da popularidade. Abala, mas não me incomoda para governar. Lá na frente haverá reconhecimento", afirmou o presidente.

"Estou aproveitando essa suposta baixa popularidade para tomar medidas que caso contrário não tomaríamos", concluiu Temer, sem citar quais medidas são essas.

Em setembro do ano passado, durante debate com empresários em São Paulo, Temer, então vice-presidente da República, afirmou que seria "difícil" que a então presidente Dilma Rousseff se mantivesse no cargo com baixos índices de popularidade.

À época, pesquisa do instituto Datafolha apontava que, na ocasião, 8% dos entrevistados aprovavam o governo da petista e 71% reprovavam – 20% consideravam o governo "regular".

Na última semana, o G1 havia questionado a assessoria de Temer sobre a fala do ano passado, mas o Planalto disse que não iria comentar.

Durante o café da manhã com jornalistas, Temer foi questionado sobre se, diante do processo que tramita no Tribunal Superior Eleitoral e que pede a cassação da chapa Dilma-Temer e da citação de seu nome na delação do ex-vice-presidente da Odebrecht, "temia" deixar o cargo antes do fim do mandato.

Em resposta, ele disse: "Havendo uma decisão [do TSE por cassar a chapa], haverá recursos e mais recursos, não só no TSE como no STF. […] Renunciar? Honestamente, não tenho pensado nisso", afirmou, acrescentando que será "obediente" à decisão final do Judiciário.

"No Brasil se formou a seguinte convicção: se um delator mencionou o nome de alguém, ele está definitivamente condenado", continuou o presidente.

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Reforma ministerial

Temer também disse que não planeja fazer nenhuma reforma ministerial nos próximos meses, mesmo com o desgaste de alguns nomes importantes do governo, como o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

O ministro foi citado pelo ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho em delação premiada da Operação Lava Jato.

"Não tirarei o chefe da Casa Civil. Continua firme e forte. Não cogito fazer qualquer alteração. Não há intenção neste momento de fazer reforma ministerial", declarou Temer.

Questionado por jornalistas se pretende trocar ministros mais à frente, Temer disse que “se houver necessidade”, fará uma reforma ministerial em escala “global”. “Se pensar [em fazer a reforma], [será] no futuro”, acrescentou.

Ao falar da Operação Lava Jato, Temer lembrou do pedido que fez ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para dar maior celeridade aos processos sob responsabilidade do Ministério Público. Ele disse que o pedido não significa que ele se insurgiu contra a operação em si, mas sim contra a divulgação das delações de forma parcelada.

"A Lava Jato, sem dúvida alguma, produz efeito extraordinário para o país. Quando mandei a carta para o senhor procurador-geral, não me insurgi contra a Lava Jato. Me insurgi contra a história de que se tem 78 a 90 delações e não se pode soltar uma delação por semana. Isto prejudica realmente e cria um clima de instabilidade", ressaltou, afirmando que “não tem nada contra a Lava Jato”.

Reprodução/G1