O número de mortos em um incêndio que destruiu na sexta-feira à noite um armazém onde um coletivo de artistas de Oakland, Califórnia, participava de uma festa subiu para 36 nesta segunda-feira, uma cifra que os bombeiros estimam que aumentará, após retomados os trabalhos de buscas.
As autoridades anunciaram um corte de energia por 12 horas para permitir aos socorristas reforçar as buscas com um guindaste no depósito incendiado na sexta-feira, disse uma porta-voz da polícia, Johna Watson.
Os bombeiros tinham interrompido os trabalhos mais cedo, mas retomaram pouco depois.
Até o momento há 36 vítimas, a maioria com idades entre 20 e 30 anos. Também foi encontrado um adolescente de 17 anos.
A xerife adjunta do condado de Alameda, Tya Modeste, informou que até o momento foram identificados 11 dos mortos com idades entre 17 e 35 anos, enquanto familiares continuam levando amostras para exames de DNA, indicou.
Alguns eram cidadãos de Ásia ou Europa e as autoridades de Oakland trabalham com o Departamento de Estado para contatar os governos estrangeiros.
O presidente Barack Obama expressou solidariedade com os moradores de Oakland, "uma das cidades mais criativas" e prometeu toda a ajuda federal necessária na investigação para determinar as causas do incêndio.
Até agora foram rastreados 70% do edifício onde a festa era realizada e as autoridades admitem não saber quantos corpos mais vão encontrar.
Causa
Desconhece-se o que originou o incêndio no depósito, conhecido pelo nome de "Oakland Ghost Ship" (Barco Fantasma de Oakland), onde estima-se que tenham ido entre 50 e cem pessoas durante a festa.
"Não estamos mais perto de conhecer a causa (do incêndio) e acreditamos absolutamente que o número de vítimas aumentará", disse a chefe do corpo de bombeiros, Teresa Deloach Reed.
Ela disse, ainda, que os bombeiros conseguiram chegar à parte traseira do prédio, onde acreditam que o fogo começou.
Os trabalhos de buscas dos corpos vão demorar dias e as autoridades pediram aos familiares que preservem escovas de cabelos ou de dentes para fazer exames de DNA e compará-los com os restos encontrados.
"Iremos solicitando à medida que formos necessitando", disse anteriormente a capitã Melanie Ditzenberger, do departamento de medicina legal.
Foi estabelecido um centro de atendimento a parentes das vítimas e para coletar informações sobre os desaparecidos.
'Tudo aconteceu em segundos'
As autoridades informaram que o edifício, onde um grupo de artistas trabalhava e vivia, não tinha permissão para ser habitado, nem ser utilizado como local de trabalho ou para realizar festas, pois carecia de extintores de incêndio e detectores de fumaça.
Os sobreviventes reportaram no domingo a velocidade como as chamas se espalharam.
O fotógrafo Chris Nechodom, que estava na festa, disse que a princípio pensou que a fumaça fosse alguma espécie de efeito.
"Rapidamente ficou mais densa", destacou. "Tudo aconteceu em segundos. Começamos a ver as pessoas correr gritando desesperadamente 'fogo'", relatou.
Apesar de as causas ainda serem desconhecidas, a prefeita de Oakland, Libby Schaaf, disse que o procurador distrital tinha aberto uma investigação criminal preventiva para ter opções à medida que se desenvolve a investigação.
"É preciso entender que a amplitude desta tragédia é tremenda", disse. "Temos muitas, muitas testemunhas para interrogar e estamos em processo de fazê-lo".
Sem via de saída
A chefe dos bombeiros, Reed disse que o depósito tinha várias divisórias e uma escada improvisada, alterações na estrutura que tornaram extremamente difícil para as pessoas escapar das chamas.
"Não havia uma entrada determinada ou uma via de saída", acrescentou.
Imagens publicadas na web mostram pianos, quadros e objetos de madeira no edifício, o que ajuda a explicar porque as chamas chegaram rapidamente à estrutura, apesar de os bombeiros terem chegado em apenas três minutos.
Reprodução: G1