Brasil

PF quer saber onde foram parar 80 joias compradas por Cabral, Adriana e assessor

Das 131 peças compradas com dinheiro vivo 51 foram apreendidas. Valor total das joias comprados por Cabral e a mulher e assessor somam quase R$ 7 milhões, em dinheiro.

NULL
NULL

Resultado de imagem para sérgio Cabral e a mulher

A receita Federal deve começar uma operação pente fino nas contas das joalherias, que venderam joias em dinheiro vivo ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Mas o que mais intriga os investigadores é o destino de parte dessa fortuna. Das 131 joias compradas nas joalherias, 40 foram apreendidas na casa do ex-governador e 11 na casa de seu assessor Carlos Miranda. Ou seja, 80 joias não foram encontradas.

Agora, os investigadores estão cruzando informações para descobrir se as joalherias apenas sonegaram impostos ou foram coniventes com o esquema.

O valor total dos mimos comprados por Cabral e a mulher e o assessor somam quase R$ 7 milhões, em dinheiro vivo, como mostrou o Fantástico neste domingo. Entre as joias apreendidas estão um anel de ouro 18 quilates, com rubi de R$ 600 mil, um par de brincos, de Turmalina Paraíba, com diamantes, de R$ 612 mil reais, um par de brincos de brincos de ouro amarelo com rubi, que faz conjunto com o anel e que custou R$ 400 mil. Outro anel de ouro branco 18 quilates com esmeralda saiu por R$ 342 mil, o colar com nome pomposo, Blue Paradise (paraíso azul) foi comprado por R$ 229 mil reais.

O Ministério Público Federal descobriu que o ex-governador do Rio e a mulher, Adriana Ancelmo, e assessores adquiriram pelo menos 131 joias nos últimos dez anos. Grande parte delas nas joalherias H.Stern e Antonio Bernardo tudo pago em dinheiro vivo e quase nada com nota fiscal.

No depoimento que prestou à Polícia Federal, o ex-governador disse que só se lembrava de uma ou duas compras de joias. Mas o Fantástico teve acesso a documentos exclusivos, apresentados à justiça federal, que mostram o registro, em nome do ex-governador, de pelo menos 37 joias que custaram R$ 4,8 milhões.

As joalherias confirmaram ao MPF que não emitiram notas fiscais na data em que as joias foram compradas. O Fantástico obteve documentos comprovando que a H.Stern só emitiu as notas no dia 18 de novembro, um dia depois da prisão do ex-governador. Foram R$ 2 milhões em compras que só agora a joalheria presta contas.

Já a Antonio Bernardo até agora não mostrou nenhuma nota fiscal. Por isso, os investigadores foram atrás. Na sexta-feira (25), em uma das lojas da joalheria, os agentes encontraram registros de compras de joias, no valor de quase R$ 4 milhões, feitas em nome de um dos motoristas de Sérgio Cabral.

Para a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, as joias são uma parte importante da investigação. Policiais e procuradores querem saber se elas foram usadas para lavar dinheiro de propina. Além disso, se os incentivos fiscais que as joalherias receberam do governo foram fruto de um esquema fraudulento.

Os investigadores estão numa verdadeira caça ao tesouro. A primeira pista apareceu depois da quebra de sigilo do telefone celular de Carlos Miranda. Amigo de infância de Sérgio Cabral, ele é apontado como o homem da mala no esquema corrupto que, segundo o MPF, saqueou o estado do Rio.

Do seu telefone foram feitas 311 ligações para vendedoras das joalherias, ao longo dos últimos cinco anos. Por isso, a polícia acredita que era ele quem intermediava a compra e entregava o dinheiro.

A segunda pista veio dos depoimentos das vendedoras. Vera Lúcia, da Antonio Bernardo, disse que Carlos Miranda comprava joias na joalheria há dez ou 12 anos e que pagava sempre em dinheiro. E que, além dele, Sérgio Cabral também era cliente e que comprou com ela, algumas vezes, joias em dinheiro vivo.

Maria Luíza Trotta, da H. Stern, disse aos procuradores que atendia ao ex-governador e a mulher em casa.

A terceira pista até agora são as fotos que comprovam visitas de Carlos Miranda e Luiz Carlos Bezerra, outro operador financeiro da quadrilha, à sede da joalheria na Zona Sul do Rio. Eram visitas rápidas. Numa delas, foram apenas quatro minutos. O tempo necessário apenas para a entrega do dinheiro.

Agora, os investigadores estão cruzando informações para descobrir se as joalherias apenas sonegaram impostos ou foram coniventes com o esquema.

Reprodução/G1