Reunidos em uma das salas do Presídio Salvador, detentos do Complexo da Mata Escura, na capital, assistiram à aula do professor e secretário estadual de Cultura, Jorge Portugal, nesta sexta-feira (25). O grupo se prepara para fazer as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nos dias 13 e 14 de dezembro. Neste ano, 1.123 detentos de complexos prisionais da Bahia estão inscritos no Enem, um número 26% maior que em 2015, quando 890 participaram.
Desde o ano passado, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) promove aulões de revisão nos presídios. O projeto é uma oportunidade de sonhar com um futuro diferente e apostar na ressocialização através da educação. Na aula desta sexta, A.L.S. estava atento às dicas do professor Portugal. Como já é formado em Ciências Contábeis, ele pensa em realizar um sonho antigo com a chance que terá com o Enem.
“Eu me formei como contador, mas sempre tive um sonho de cursar História na universidade. Já planejo sair daqui, ir para o interior, e voltar a estudar. Estou fazendo essa prova por experiência, porque não vinha estudando há muito tempo, mas, com certeza, o caminho é esse. Voltar para a universidade e refazer a minha vida fora daqui”, conta o detento.
Além de Salvador, internos de complexos penitenciários de Feira de Santana, Itabuna e Lauro de Freitas receberam dicas de Redação e Produção de Texto de Jorge Portugal. Para o secretário, esse é um compromisso que ele assumiu desde que o projeto de aulões foi implementado e do qual se orgulha muito.
“Aqui sai o secretário e entra o professor. Nos meus quase 40 anos de ensino, relembraria três momentos marcantes nessa trajetória, e esse certamente é um deles. Esse programa de ressocialização é um dos mais geniais do Governo da Bahia e que tem trazido resultados concretos, detentos que passaram em universidades públicas e particulares”, afirma o secretário.
Aprovação
Em 2015, quatro detentos foram selecionados pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). A aprovação é uma possibilidade de já planejar o futuro, mesmo durante o cumprimento da pena. Caso estejam em regime semiaberto, em que podem sair e voltar para os presídios, eles recebem autorização de um juiz para frequentar a universidade.
Para o superintendente de Ressocialização Sustentável da Seap, Luis Antônio Fonseca, o projeto dos aulões já tem apresentado resultados satisfatórios, o que incentiva as ações a seguirem adiante. “Sabemos da dificuldade que é o ingresso no Ensino Superior, e poder proporcionar isso para os que estão presos é muito bom. Fazemos isso em parceria com a Secretaria de Educação e, além das aulas de revisão, mantemos uma escola dentro do complexo que também faz esse trabalho de capacitação e qualificação dos detentos”, explica o superintendente.
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