Política

Calero deve ser investigado por gravar conversa, diz Aécio

Ex-ministro da Cultura Marcelo Calero entregou à Polícia Federal gravações com o presidente Michel Temer e com o ministro Eliseu Padilha

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O senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu nesta sexta-feira que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero seja investigado por supostamente gravar uma conversa com o presidente Michel Temer. Para o tucano, Calero pode ter “induzido” palavras de Temer no diálogo, no qual o ex-titular da Cultura diz ter sido “enquadrado” pelo presidente e pressionado a agir em favor do agora ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima.

O senador e presidente do PSDB Aécio Neves

O senador e presidente do PSDB Aécio Neves faz suas indagações durante sessão de defesa da presidente afastada Dilma Rousseff no processo de impeachment, no plenário do Senado Federal – 31/08/2016 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

“Há algo aí extremamente grave e que também tem que ser investigado: o fato de um servidor público, um homem até aquele instante da confiança do presidente da República, com cargo de ministro de Estado, entrar com gravador para gravar o presidente da República. Isso é inaceitável, isso é inédito na história republicana do Brasil”, disse Aécio, ao chegar para o Congresso de prefeitos eleitos do PSDB. “Isso permite a todos nós que possa (sic) achar que [Calero] possa ter induzido palavras do presidente da República, e isso tem que ser investigado, porque me parece também um ato passível de punição”, acrescentou o senador.

No último sábado, Calero disse à Polícia Federal que Temer teria feito pressão para que ele resolvesse o “impasse” relacionado à construção de empreendimento em Salvador, no qual Geddel tinha uma unidade. O Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) embargou a obra, mas Temer teria dito para Calero enviar o processo à Advocacia-Geral da União (AGU), que teria uma solução para o caso – o diálogo teria sido gravado pelo ex-ministro. O depoimento foi revelado nesta quinta-feira, ampliando a crise no Palácio do Planalto.

O tucano disse que alguém só pode gravar uma conversa “quando está sendo acusado (e agir) em sua própria defesa”, o que não era o caso, em sua avaliação. “Não havia acusação nenhuma em relação ao ministro e não me parece ter havido qualquer crime por parte do presidente da República”, disse.

Aécio, no entanto, evitou fazer avaliações sobre se o presidente deveria ou não demitir Geddel – a notícia da carta de demissão ainda não havia sido divulgada. “Essa é decisão exclusiva do presidente da República. O que posso dizer é que, do ponto de vista de suas atribuições junto ao Congresso Nacional, nas articulações políticas do governo, o ministro Geddel vem fazendo com enorme eficiência. Caberá ao presidente da República tomar a decisão que for melhor para o governo”, disse.

“Quanto aos desdobramentos desse caso, caberá ao presidente da República tomar decisões que achar mais adequadas. Mas nem de longe, na minha avaliação e do PSDB, esse episódio atinge o presidente Michel Temer”, acrescentou o senador.

Aécio ainda criticou as manifestações da oposição pedindo o impeachment de Temer. “Os membros do PT são alguns fantasmas que caminham em busca de uma causa”, disse. “A causa do PT é inviabilizar as medidas que vão nos tirar da crise na qual eles nos mergulharam.”

Reprodução: Revista Veja (Com Estadão Conteúdo)