Brasil

Grampos indicam destruição de provas e que Cabral já sabia que seria preso

Diálogos entre parentes do ex-governador, gravados pela PF, foram divulgados pela TV Globo

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Conversas de parentes do ex-governador do Rio Sérgio Cabral indicam a destruição de provas do esquema de corrupção liderado pelo peemedebista e reforçam as suspeitas de que o ex-governador já sabia que era preparada uma operação para prendê-lo. Os diálogos gravados pela Polícia Federal com autorização da Justiça foram divulgados pela "TV Globo".

As conversas foram gravadas no dia 17 de novembro, dia em foi deflagrada a “Operação Calicute”, que prendeu Cabral e outras nove pessoas. Os participantes dessa conversa são Fanny Maia, tia de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, e o marido de Fanny, Ricardo Maia.

O ex-governador Sérgio Cabral chega à sede da PF após ser preso em casa , no Leblon – Celso Barbosa / .

Ricardo: Mas ele sabia o que que ele tava fazendo. Esse que é o problema. Né?

Fani: É… Acabei de falar agora com a Adriana. Mas eles estavam esperando semana que vem.

Ricardo: Quem, o Rodrigo?

Fani: É. Lembra que falei que o Rodrigo tava na casa dele semana passada? Ele falou: Fui levar uns negócios que ele pediu, mas depois mandou que levasse de volta, que não era pra ficar nada lá.

Ricardo: Isso é bom. Sinal de que não devem ter achado nada.

PRISÃO DE CABRAL

Outros trechos levam a crer que o ex-governador já sabia que seria preso. Cabral foi preso no apartamento onde morava, no Leblon, na Zona Sul do Rio.

Fani: Laviola ligou pra Célia cinco e meia dizendo que precisava falar com o governador, e que era muito urgente. Célia bateu no quarto e disse que Laviola precisava falar com ele muito urgente. O Sergio já sabia, né?

Ricardo: Já…

Fani: Ele se virou e disse pra Célia que a polícia iria bater a qualquer momento.

Ricardo: Polícia bateu e foram chegando pedindo o telefone da Célia, e pedindo os telefones de todos da casa.

A suspeita já havia sido levantada por outra gravação, uma conversa entre Wagner Jordão Garcia, apontado como operador financeiro do esquema, e Luís Rogério Gonçalves Magalhães, ex-secretário de Anthony Garotinho, três dias antes da prisão de Cabral. No diálogo, eles dizem que a 'fatura do Leblon já foi feita'.

PREOCUPAÇÃO COM IMÓVEL

Em outra gravação, o filho de Ricardo e Fani, Pedro, demonstra preocupado com as investigações. Na gravação, Pedro fala sobre uma casa em Miguel (Pereira). O pai, Ricardo, tranquiliza o filho dizendo que a compra do imóvel foi em dinheiro vivo.

Pedro: Se investigarem pra caralho, pode chegar em mim, né?

Ricardo: Por que, pô?

Pedro: Por causa da casa de Miguel.

Ricardo: Não, foi dinheiro vivo, Pedro. Não teve nenhuma transação do Sérgio Cabral pra gente.

As escutas da Polícia Federal revelam ainda comentários sobre a transferência do ex-governador para o presídio de Bangu.

Fani: Tá todo mundo preocupado com o Sérgio em Bangu, né?

Ricardo: É, mas eu tava falando com mamãe. Não vão mandar ele para lá, né? O cara não é maluco. Se mandar ele pra lá, vão mandar para uma cela especial, separada de tudo, porque o advogado bota.

Reprodução: O Globo