A mulher do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), Adriana Ancelmo, foi alvo de condução coercitiva na manhã desta quinta-feira (17), para prestar depoimentos. Cabral, alvo de pedido de prisão preventiva, já está na sede da PF do Rio. Ele deixou o prédio em que mora na zona sul do Rio sob gritos de "bandido" e "ladrão".
Policiais usaram spray de pimenta para dispersar os manifestantes, que se colocaram em frente ao carro da Polícia Federal.
Cabral é investigado em duas frentes: pela operação Lava Jato e por outra apuração que tem como foco esquema de corrupção envolvendo a construtora Delta, do empresário Fernando Cavendish. Delatores citaram o nome de Cabral e o relacionaram a recebimento de propinas milionárias.
As investigações apontam que o esquema em contratos com as empreiteiras Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia, entre outras, bancou uma vida de luxo para Cabral e demais envolvidos, o que inclui viagens internacionais, idas a restaurantes sofisticados, compras de joias e uso de lancha e helicóptero em nome de laranjas.
Em depoimento, Cavendish contou que deu de presente para Adriana um anel de R$ 800 mil em julho de 2009, durante uma viagem a Mônaco. De ouro branco e brilhantes, o anel foi pago no cartão de crédito do empresário. Adriana é suspeita de lavagem de dinheiro por meio do seu escritório de advocacia.
Uma foto de Cabral com Adriana, na qual a mulher exibe o anel na mão esquerda, é uma das provas exibidas por Cavendish à força-tarefa da Lava-Jato no Rio e em Brasília para provar a compra. A fotografia foi feita no restaurante Le Louis XV, do chef Alan Ducasse, no Hotel de France, onde o grupo de amigos liderado por Cabral estava hospedado. Um vídeo, divulgado pelo ex-governador Anthony Garotinho em seu blog, em 2012, também exibe Adriana com o anel no dedo enquanto os convidados cantam “Parabéns pra você” puxado por Cabral.
A PF batizou a operação de Calicute. O prejuízo estimado pelas ações ilícitas é superior a R$ 220 milhões. O esquema de corrupção aponta pagamento de propina de 5% a 6% para a execução de obras no Rio de Janeiro, incluindo a reforma do Maracanã, no período do governo de Cabral.
A apuração em curso identificou fortes indícios de cartelização de grandes obras executadas com recursos federais mediante o pagamento de propinas. A investigação é tocada em conjunto pela Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público.
Reproduçãõ: Época Negócios