A polícia prendeu na noite desta quinta-feira (10) um guarda civil metropolitano de Santo André, na Grande São Paulo, suspeito de envolvimento na execução de cinco jovens no último dia 21 de outubro. Ele confessou ter criado perfis falsos em rede social, passando-se por garotas para atrair os jovens para uma festa, mas negou ter matado o grupo.
A justiça decretou a prisão temporária do suspeito. O Jornal da Globo apurou que o guarda deu depoimento à polícia no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo. A polícia tenta agora identificar outros dois guardas municipais que estariam envolvidos na chacina.
A informação da prisão do guarda municipal também foi confirmada pelo advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).
"O importante é que as investigações estão avançando e já temos uma primeira resposta à sociedade e às famílias", disse Alves.
Identificação
O Instituto Médico Médico Legal (IML) identificou o corpo de mais um jovem que foi encontrado morto com outros quatro rapazes em Mogi das Cruzes. Jonatan Moreira foi identificado pela arcada dentária. Ele tinha ficha no setor de odontologia da Fundação Casa.
Jonatan estava com outros 4 jovens a caminho de uma festa quando desapareceu no dia 21 de outubro, no Jardim Rodolfo Pirani, Zona Leste. Ele enviou uma mensagem para uma amiga dizendo que estavam sendo abordados. Os corpos foram encontrados, enterrados, na área rural de Mogi, no último domingo (6).
Agora só falta confirmar se o quinto corpo é de Jones Ferreira Januário, que dirigia o carro onde eles estavam quando desapareceram.
Os laudos da necropsia dos corpos já reconhecidos e liberados devem ser encaminhados para polícia civil dentro de no máximo 30 dias, com informações sobre as causas das mortes, dia e horários aproximados.
Castro Alves afirmou que as famílias das vítimas pretendem ir ao IML nesta sexta-feira (11) para tentar liberar os corpos dos quatro rapazes identificados para fazer o enterro.
Cadeirante esfaqueado
Um dos cinco corpos encontrados em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, foi esfaqueado enquanto os demais acabaram mortos a tiros, informou a polícia que investiga a chacina. O cadeirante Robson Fernando Donato de Paula, de 16 anos, foi morto a facadas. Os outros quatro amigos dele foram assassinados por disparos de armas calibres 38 e 12.
Linhas de investigação
O DHPP investiga várias linhas de raciocínio para esclarecer o caso. A morte de um guarda civil municipal de Santo André, em uma tentativa de roubo em setembro, pode ter motivado os crimes. Outra hipótese é a de que o grupo pode ter sido morto por criminosos num acerto de contas: eles teriam batido no carro de um traficante e não pagaram o conserto. Por último, os cinco podem ter sido executados porque quatro deles já tinham fichas criminais.
Um dos indícios de suposta participação de um policial militar é uma mensagem enviada por Jonathan para uma amiga às 23h do dia 21 de outubro, quando falou que estava passando por uma blitz da polícia. Ele relatou ter sofrido "enquadro" e "esculacho" de policiais. O G1 teve acesso à gravação.
O Tribunal de Justiça Militar decretou segredo na apuração da Corregedoria da PM.
Reprodução: G1