Diante da derrocada do PT nas eleições municipais deste ano e da incerteza quanto à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018, o grupo político do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) já negocia com governadores petistas a migração deles para outros partidos que integram seu projeto presidencial. A transação está mais avançada no Ceará, estado de Ciro, e em cuja capital, Fortaleza, ele conseguiu eleger neste domingo (30) o seu candidato, Roberto Cláudio (PDT). No primeiro turno, a postulante do PT, a ex-prefeita Luizianne Lins (PT), teve apenas 15% dos votos e nem sequer avançou no pleito.
No estado, o governador Camilo Santana (PT) busca integrar o projeto de Ciro via PSB. Ele já conversou com o presidente do partido, Carlos Siqueira, e aguarda uma definição do cenário eleitoral para tomar a decisão. Uma das possibilidades em debate é de que ele possa disputar o Senado pela sigla em 2018. Isso abriria espaço para o ex-governador Cid Gomes (PDT), irmão de Ciro, concorrer novamente ao governo.
Rui – No dia 20 do mês passado, o governador cearense se reuniu com outros dois governadores petistas que, segundo fontes, também têm apontado dificuldades eleitorais em 2018 caso continuem no PT: Rui Costa e Wellington Dias (Piauí). Oficialmente, o encontro foi para discutir a conjuntura política. A saída do Partido dos Trabalhadores teria sido um dos assuntos do encontro que ocorreu em Salvador.
O Nordeste é a região onde o PT, após a chegada de Lula ao poder, conseguiu mais votos em todas as eleições presidenciais desde 2006. Neste ano, porém, não elegeu nenhum prefeito nas nove capitais da região. No caso da Bahia, líderes do PDT afirmam que o governador vai conversar com o presidente do partido, Carlos Lupi, sobre uma possível migração para a legenda. Aliados de Costa dizem, porém, achar difícil a mudança.
“Não vi nenhum vestígio remoto disso ainda. Acho improvável. O Rui é um dos fundadores do PT, é do grupo do ex-ministro Jaques Wagner”, afirmou o líder do PT na Câmara, Afonso Florence. Por meio de sua assessoria, Costa negou a intenção de deixar o partido.
Crise – A principal preocupação dos governadores petistas é de não conseguir se reeleger em 2018, diante da crise que o partido vive e do sentimento “antipetista”, evidenciado nas urnas com o pior desempenho da legenda em eleições municipais nos últimos 20 anos. Atualmente, o PT comanda cinco governos estaduais: Piauí, Ceará, Bahia, Minas Gerais e Acre. Apenas no Acre, o governador Tião Viana não poderá tentar a reeleição.
Na Câmara dos Deputados, o partido se prepara para uma possível debandada de parlamentares para outras siglas. Estima-se que até 40 dos 58 parlamentares da legenda avaliam a saída. Segundo apurou o Estado, o PDT tenta atrair a maior parte deste grupo que estaria insatisfeito.
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