Até o próximo domingo (30), o público soteropolitano ou quem está de passagem pela capital baiana pode usufruir gratuitamente da ampla programação do 9º Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (Fiac). Além de 14 espetáculos de quatro estados brasileiros (BA, RJ, SP, MG) e também da Croácia, Chile e Uruguai, o evento, que é realizado em diversos espaços culturais da capital, abre espaço de participação por meio de críticas, oficinas e intercâmbios.
De acordo com a coordenadora de atividades formativas do FIAC, Rita Aquino, esta edição foi pensada com o intuito de estimular o engajamento político por meio das diferentes linguagens artísticas. “Não é só uma questão de política partidária, mas o entendimento da política de uma forma bastante ampla, desde as micropolíticas com as questões relacionadas ao corpo, as afirmações de gênero, identitárias, até o aspecto macro (político) relacionado a regimes, como nos organizamos na sociedade. A ideia do Fiac foi fomentar a participação como uma possível resposta à nossa forma de se organizar”.
Com o slogan 'Meter mão', a intenção, segundo Rita, é que o festival dialogue com os artistas, espectadores e com a cidade. “São seis dias bastante intensos de programação. Cinco coletivos de crítica de diferentes partes do País estão em Salvador produzindo ações que estimulem o pensamento, a construção de reflexão. Também temos, dentro do Fiac, a 3ª edição do Seminário Internacional de Curadoria e Mediação em Artes Cênicas, numa parceria super importante aqui com o Goethe-Institute”.
Além do Goethe-Institute/ICBA, no Corredor da Vitória, os espetáculos e atividades do Fiac são realizadas em outros espaços culturais da cidade como o Espaço Cultural Barroquinha, no Centro Histórico de Salvador (CHS) onde, neste sábado (29), às 10h, o Grupo de Teatro Hip Hop, de São Paulo, vai realizar a oficina Disco Aula – Uma História da Discotecagem.
Uma das oficinas que tem arrancado elogios dos participantes é Oficina de Carimbo, do coletivo de artes gráficas Sociedade da Prensa, que usa tinta, lápis, rolo de pintura, papel, entre outros itens, para estimular a criatividade via técnicas simples e de baixo custo de impressão. A fotógrafa Lara Perl participou da oficina na quarta-feira (26) e elogiou a possibilidade de um festival do porte do Fiac “dialogar com outros saberes”. Para ela, a oficina de carimbo é uma forma de “chegar, experimentar, brincar um pouquinho e aprender. Acho incrível esta troca com pessoas que já estão no mercado editorial”.
Festas
A lista completa de atividades, horários e locais está disponível no site do evento , o Fiac tem apoio do Governo do Estado, por meio das secretarias da Fazenda (Sefaz) e de Cultura (Secult). Há também uma programação intensa de festas que acontecem sempre à noite, após os espetáculos, promovidas em parcerias com outras iniciativas culturais de Salvador, como explica a coordenadora Rita Aquino.
“Temos um conjunto de artistas e iniciativas não institucionais de promoção de atividades culturais. Estamos levando nossas festas para estes espaços como forma de dar visibilidade, valorizar, reconhecer e colocar as pessoas em contato. Teremos festa na Ocupação Coaty, no Casarão Barabadá, no Espaço do Oliveiras, no Santo Antônio Além do Carmo, e na Casa Preta”, afirma Aquino.
O superintendente de promoção cultural da Secult, Alexandre Simões, explicou que, pelo terceiro ano consecutivo, o apoio ao Fiac é via Fundo de Cultura da Bahia (FCBA), mantido pela Sefaz e Secult, por meio da renúncia fiscal (ICMS) de duas empresas, a Oi e a Coelba. "Uma das linhas de apoio é voltada a eventos calendarizados como o Fiac, que, envolve a articulação de diversos agentes de fora do País, inclusive, para o campo da experimentação e a circulação de diversos espetáculos premiados e consagrados. Isso fortalece a produção cultural no nosso estado, mas também renova as discussões e os debates acerca deste campo de produção e experimentação".
Na opinião do secretário estadual de Cultura, Jorge Portugal, além de envolver diversas linguagens, o Fiac as atualiza para um público composto por pessoas que nunca tiveram contato com as artes cênicas e também por quem é assíduo frequentador de espetáculos. “Dizia um grande pensador que um pequeno gesto pode ser uma grande revolução. Para mim, o Fiac é a soma de grandes gestos. Portanto, de grandes revoluções”.
Fonte: Secom