O advogado Atan de Azevedo Barbosa, 77, foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa na Operação Lava Jato. No inquérito, a PF imputou os mesmos crimes ao ex-gerente executivo da Petrobras Pedro Barusco.
Primo de primeiro grau do ex-ministro Nelson Jobim, que presidiu o Supremo Tribunal Federal (2004/-06), Barbosa teria funcionado como operador de propinas em favor da Iesa Óleo e Gás junto a Barusco, segundo a PF.
Os pagamentos seriam relacionados a contratos obtidos pela Iesa, isoladamente ou em consórcio. O advogado foi alvo de mandados de condução coercitiva e de buscas na 9ª fase da Operação Lava Jato, batizada My Way, em fevereiro de 2015.
Naquela ocasião, Barbosa acabou passando uma noite na Superintendência da Polícia Federal, no Rio, preso porque os policiais encontraram em sua casa munição sem que tivesse autorização para portá-las. Ele pagou fiança de R$ 25 mil e deixou a prisão no dia seguinte.
Barbosa é funcionário aposentado da estatal e foi citado em delação premiada como um dos operadores de propina do esquema de corrupção instalado na companhia petrolífera, entre 2004 e 2014.
Pedro Barusco afirmou em delação premiada que de outubro de 2008 até 26 de abril de 2013 ele próprio recebeu US$ 29 mil mensais em propina em razão de contratos de uma forma global, fora do modus operandi que envolvia o PT, Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras) e outros.
O despacho de indiciamento relata que Barusco apresentou demonstrativos de transferências bancárias feitas pela Heatherley Business LTD. para a Rhea Comercial INC. entre 2008 e 2012. Em depoimento, em junho deste ano, Barbosa declarou que fez transferências para a conta de Barusco como cortesia.
"Segundo Barusco, tais valores consistiram em vantagem indevida paga por Atan Barbosa, relacionada a contratos da Iesa e CBD (Companhia Brasileira de Diques) com a Petrobras. Por meio dos comprovantes bancários apresentados pelo colaborador Pedro Barusco, é possível contabilizar um total de US$ 1.556.350,00 pagos na conta Rhea Comercial INC. pela conta Heatherley Business. Os pagamentos teriam se iniciado em 20 de junho de 2008 e cessado em 30 de abril de 2013", registra o documento da PF.
"Os pagamentos de vantagem indevida foram devidamente comprovados a partir da entrega dos documentos bancários apresentados pelo colaborador Barusco. A titularidade da Heatherley Business também resta comprovada a partir da análise de itens apreendidos, bem como pela confissão de Atan Barbosa. Da mesma forma, Atan Barbosa confessou que os pagamentos foram realizados visando a obter a simpatia de Barusco e alguma facilitação por sua parte em procedimentos da Petrobras."
A reportagem procurou os advogados de Barbosa por telefone e mensagem. O espaço está aberto para a manifestação. Estadão Conteúdo.