Brasil

Petrobras corta investimento em 25% e vê mais US$ 19,5 bi em venda de ativos

O plano amplia o programa de venda de ativos, com a previsão de vendas de US$ 19,5 bilhões no período entre 2017 e 2018

NULL
NULL

O novo plano de negócios da Petrobras corta em 25% a projeção de investimentos com relação ao plano anterior, lançado em 2015. No documento divulgado nesta terça (20), a estatal prevê gastar US$ 74,1 bilhões no período entre 2017 e 2021, 81% do valor na área de exploração e produção de petróleo.

O plano amplia o programa de venda de ativos, com a previsão de vendas de US$ 19,5 bilhões no período entre 2017 e 2018. O programa foi chamado de "parcerias e desinvestimentos", para frisar que a Petrobras buscará sócios em todas as suas áreas de atuação.

O programa anterior falava em venda de US$ 15,1 bilhões entre 2015 e 2016 —até agora, foram vendidos US$ 4,6 bilhões e uma operação de US$ 5,2 bilhões, para comercialização da rede de gasodutos do Sudeste, já foi concluída e que deve ser anunciada em breve.

Com menores investimentos e mais venda de ativos, a empresa planeja antecipar para 2018 a meta de redução da alavancagem (relação entre dívida e geração de caixa) para 2,5 vezes, valor considerado ideal por agências avaliadoras de risco. Hoje, o indicador está em 4,49 vezes.

O primeiro plano aprovado pela gestão Pedro Parente diz que a visão da Petrobras para os próximos anos é ser uma "empresa integrada de energia com foco em óleo e gás que evolui com a sociedade, gera alto valor e tem capacidade técnica única".

"No horizonte total dos cincos anos desse planejamento, a nossa proposta é que a empresa tenha sido saneada, tenha padrões de governança e ética inquestionáveis para sustentar uma produção crescente, mas realista, e capaz de investir e se posicionar nos processos de transição por que passa o mercado de energia no mundo", disse Parente, presidente da empresa, em comunicado.

O documento oficializa a saída das atividades de produção de biocombustíveis, gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha), fertilizantes e petroquímica. E prevê a restruturação dos negócios em energia, consolidando as térmicas em grupos de ativos para "maximizar" o valor, e a revisão do posicionamento em lubrificantes.

"A carteira de investimentos do plano prioriza projetos de exploração e produção de petróleo no Brasil, com ênfase em águas profundas. Nas demais áreas de negócios, os investimentos destinam-se, basicamente, à manutenção das operações e à projetos relacionados ao escoamento da produção de petróleo e gás natural", informou a companhia.

META DE PRODUÇÃO

Apesar do corte de investimentos, o plano não traz grande alteração na meta de produção de petróleo após o período de cinco anos. Em 2021, diz o documento, a estatal espera estar produzindo 2,77 milhões de barris por dia no Brasil —no plano anterior, a meta era de 2,7 milhões de barris por dia em 2020.

Dos investimentos em exploração e produção (US$ 60,6 bilhões), 76% irão a projetos de desenvolvimento da produção. No refino, serão aplicados US$ 12,4 bilhões, principalmente em manutenção das operações e em infraestrutura para o escoamento da produção de petróleo.

No plano de negócios, a empresa ainda destaca que vai "fortalecer os controles internos e a governança, assegurando transparência e eficácia do sistema de prevenção e combate a desvios, sem prejuízo da agilidade da tomada de decisão".

A estatal é a principal investigada na Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção envolvendo políticos de vários partidos e empreiteiras do país.

"Será adotado um sistema de gestão baseado na meritocracia, com desdobramento de metas até o nível de supervisão, acompanhamento sistemático e correção de desvios, de modo a garantir a disciplina na execução das iniciativas e no alcance das metas", informou a Petrobras.

Fonte: Folha de S.Paulo