Terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina do Brasil (atrás do câncer de mama e do colorretal), o câncer de colo de útero representa um problema de saúde pública. Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o país deve registrar 17.010 novos casos da doença em 2025.
A Bahia lidera o número de novos diagnósticos da doença na região Nordeste, com estimativa de 1160 novos casos este ano. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 6,5 mil mortes por câncer do colo do útero são registradas todos os anos.
Cerca de 90% dos casos da doença, também conhecida como câncer cervical, estão relacionados a infecção persistente por determinados tipos de HPV (Papilomavírus humano), vírus transmitidos em relações sexuais sem proteção, principalmente o HPV-16 e o HPV-18, considerados de alto risco oncogênico. Um estudo britânico, publicado na revista Lancet Oncology, constatou que a incidência de câncer de colo uterino foi 87% menor em mulheres vacinadas contra HPV comparada com gerações anteriores não vacinadas.
“Uma das principais aliadas na prevenção dos cânceres ginecológicos é a vacinação contra o HPV”, explica a oncologista Luciana Landeiro, da Oncoclínicas na Bahia.
“A vacinação antes do início da vida sexual é muito importante para controle da doença”, reforça. A médica lembra que, recentemente, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação para jovens até 19 anos com o objetivo de resgatar jovens que ainda não receberam o imunizante.
A oncologista Camila Kelly Chiodi, da Oncoclínicas, lembra que as infecções por HPV são silenciosas na maioria dos casos e a infecção pode ficar meses a anos sem apresentar sintomas.
“Isso reforça a importância da vacinação contra HPV e da adoção de um comportamento sexualmente seguro”, afirma a especialista.
“A imunização contra o HPV, além de ser fundamental para prevenção dos cânceres ginecológicos, ajuda também a proteger contra vários outros tipos de neoplasias associadas a infecções pelo HPV, como a de orofaringe, ânus e pênis”, destaca o oncologista Daniel Brito, da Oncoclínicas. “Os pais precisam entender que é necessário vacinar meninos e meninas”, afirma.
Outros fatores de risco, além do HPV, podem influenciar no surgimento do câncer de colo de útero.
“A higiene íntima inadequada, o tabagismo, a iniciação sexual precoce e a multiplicidade de parceiros são fatores que também podem contribuir para o desenvolvimento desse tipo de câncer”, afirma a oncologista Isadora Badaró Cedraz, da Oncoclínicas.
“Vários estudos apontam que mulheres fumantes infectadas pelo HPV têm risco aumentado para desenvolvimento do câncer de colo de útero”, acrescenta.
Foto: Freepik
Exame preventivo
A oncologista Daniela Galvão, da Oncoclínicas, destaca a importância do exame ginecológico preventivo, o Papanicolau, para prevenção da doença.
“Através do preventivo é possível identificar não apenas o câncer cervical em fases iniciais ou avançadas, mas também lesões precursoras desse tipo de câncer, permitindo que elas sejam tratadas antes de se tornarem um tumor”, esclarece a médica.
“Essas lesões são assintomáticas, o que reforça a importância da realização dos exames preventivos periodicamente”, acrescenta a especialista.
De acordo com recomendação do INCA, mulheres entre 25 e 64 anos de idade, que já tiveram atividade sexual, devem realizar os exames preventivos.
Tratamentos
O tratamento indicado depende do estágio da doença, podendo envolver cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo, imunoterapia ou terapias combinadas.
“A abordagem terapêutica é sempre individualizada”, afirma a oncologista Hamanda Nery Lopes, da Oncoclínicas.
“Com todos os avanços da medicina, como cirurgias minimamente invasivas, tecnologia radioterápica de ponta e novas drogas, os tratamentos contra o câncer são menos invasivos, menos tóxicos e mais eficazes”, afirma a especialista.
Apesar de ser uma doença altamente prevenível e curável, quando diagnosticada precocemente, o câncer de colo de útero ainda tem uma incidência muito alta.
“A desinformação e a baixa adesão à vacina são um desafio para a saúde pública”, destaca Luciana Landeiro.
Imunização contra o HPV: rede pública e privada
A vacina reduz o risco de infecções pelo HPV e doenças associadas, incluindo diversos tipos de câncer, com eficácia superior a 90%. No mês passado, o Ministério da Saúde lançou uma estratégia nacional para aumentar a cobertura vacinal e imunizar três milhões de jovens, ampliando a imunização para meninos e meninas até os 19 anos de idade e incluindo novos grupos prioritários.
“A ampliação da faixa etária visa aumentar a adesão entre adolescentes que ainda não se vacinaram”, esclarece Luciana Landeiro.
Aplicada em dose única, a vacinação quadrivalente contra o HPV, que já estava disponível no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, agora beneficia jovens entre os 15 e 19 anos.
Também são grupos prioritários os usuários de PrEP e indivíduos imunossuprimidos, de 9 a 45 anos, de ambos os sexos. Pessoas vítimas de violência sexual, entre 9 e 45 anos e que ainda não foram vacinadas, também fazem parte do grupo prioritário.
Na rede privada também está disponível a vacina nonavalente, que protege contra os subtipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58. Assim amplia a cobertura contra cânceres associados ao HPV.
Nesse caso, o esquema é de duas doses para crianças e adolescentes até 14 anos, três doses a partir dos 15 anos ou imunossuprimidos.
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