Coração Negro

Projeto Okàn Dùdù realiza ações educativas em terreiros de Candomblé em março

Projeto promove diálogo, reflexão e conexão entre comunidades e terreiro

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O Projeto Okàn Dùdù, que significa “Coração Negro” em yorubá, realizará um ciclo de ações educativas em terreiros de Candomblé durante o mês de março. A ação começou no dia 8, no entanto, segue em 15, 22 e 29.

O objetivo é promover o fortalecimento da cultura, das tradições afro-brasileiras, e quebrar estereotipos negativos associados ao Candomblé. Além disso, o projeto Okàn Dùdù cria um espaço para amplificar as vozes das pessoas de terreiro, favorecendo a integração das comunidades de axé, estimulando a construção de conexões entre elas.

As atividades acontecerão nos terreiros Ilê Axé Babá Okê (Bom Jesus dos Pobres), Ilê Axé Babá Egun Ikuladê (Stella Maris), Ilê Axé Omin Ifan (São Tomé de Paripe) e Zoogodò Bogum Malè Rundò (Engenho Velho da Federação), reunindo sacerdotes, ogans, ekedis, yawos e abians de diferentes nações, como Angola, Jeje, Ketu, Lessé Egun e Efon.

Foto: Divulgação

Sobre o projeto

Criado em abril de 2023, por Laísa Gabriela, o Okàn Dùdù tem como missão reafirmar identidades e preservar memórias da comunidade preta, de Candomblé, promovendo debates sobre temas essenciais. Com uma abordagem interdisciplinar, o projeto articula saberes ancestrais e contemporâneos, conectando o Candomblé às questões sociais, como diversidade de culto, direitos humanos, acolhimento a população LGBTQIAPN+, educação, raça e gênero, cultura, legado ancestral, tecnologia e saúde mental.

“O projeto chega com sete temas diversos, que abordam um pouco do nosso mundo, das nossas dinâmicas atuais e dos enfrentamentos, para além do racismo. Situações as quais precisamos nos abraçar, buscar soluções, e a melhor forma de fazer isso, é em conjunto. Este é um dos motivos que nestas sete rodas de conversas, realizadas em quatro terreiros, de diferentes nações, acontecem. Nossa ideia é fazer o nosso povo se integrar, se conhecer, se abraçar, potencializar a coletividade através destes debates, os quais nos trarão reflexões entre essas comunidades.”, explica Laísa, idealizadora e coordenadora executiva do projeto.

As rodas de conversa do Okàn Dùdù abordam temas essenciais para a comunidade de axé, promovendo reflexões e diálogos sobre questões do Candomblé. Entre os temas discutidos, estão a desconstrução de estereótipos negativos, como no encontro “Exú não é diabo!” , que combate a demonização de Exú e do Candomblé; o protagonismo feminino no “Matriarcado” , destacando a liderança das mulheres pretas dentro da religião; e os desafios da era digital com “De que forma as novas tecnologias impactam nas vivências dentro do Candomblé?”.

Inclusão de respeito

A inclusão e o respeito à diversidade são pautados em “LGBTQIAPN+ no Candomblé: Como vencer as barreiras do preconceito?”. Já a importância do bem-estar da comunidade é abordada em “Saúde mental no Candomblé: quem cuida de quem cuida”.

Além disso, o “O acolhimento aos noviços” discute os cuidados destinados aos yawòs. Por fim, “Como manter o legado ancestral vivo através das gerações?” traz à tona a necessidade de preservar e transmitir os saberes tradicionais.

Através de rodas de conversa, o projeto quer fortalecer ainda mais os laços comunitários, valorizar a oralidade e incentivar a transmissão de conhecimentos entre gerações.

“Este projeto surgiu porque precisávamos dialogar e nos entendermos sentimentalmente. O candomblé é uma religião a qual seguimos orientações e, em determinados contextos, há um silenciamento de pautas por nem sempre existir uma noção de que forma podemos lidar com situações delicadas, temas e propostas que se enquadrem no entendimento de todos. De diferentes pessoas, com idades e pensamentos completamente diferentes. Não é uma tarefa fácil, principalmente, para um sacerdote/sacerdotisa regente de um terreiro. Então, o Okàn Dùdù é uma proposta que dá voz aos adeptos do candomblé”.

A primeira edição traz as vivências do povo de axé, indo além do enfrentamento ao racismo. Há reflexões sobre coletividade, pertencimento e estratégias para o fortalecimento das comunidades de terreiro.

“Nosso objetivo é integrar e conectar nosso povo, promovendo reflexões e a construção de uma dinâmica coletiva. Esta é a primeira edição, mas queremos expandir para outras comunidades e seguir valorizando nossa história e tradição”, finaliza Laísa.

O projeto Okàn Dùdù também prevê a produção de um documentário para o final deste ano e a realização de palestras em escolas. Assim, o intuito é ampliar o impacto das discussões para diferentes espaços da sociedade.

Os editais da Paulo Gustavo Bahia contemplaram o projeto, que também conta com apoio financeiro do Governo do Estado através da Secretaria de Cultura.

>>>Siga o canal do PSNotícias no WhatsApp e, então, receba as principais notícias da Bahia, do Brasil e do Mundo.