
O projeto Eco Folia Solidária, que promove o trabalho decente e a preservação ambiental durante o Carnaval de Salvador, completa 20 anos em 2024. A iniciativa, que acolhe catadores de materiais recicláveis, tem transformado a vida de profissionais como Teodoro Aureliano da Silva, 39 anos, que participa do projeto desde o início.
“Acabei de fazer 39 anos, tinha 19 quando o projeto começou. Era tudo simples. Agora está perfeito! Cada dia melhor. Principalmente pelo preço da latinha, mas se quiserem aumentar um pouquinho, eu agradeço”, brincou Teodoro, referindo-se ao valor de R$ 8,00 por quilo de latinhas. Ele também destacou as bonificações oferecidas pelo projeto: “Já peguei quatro. Sugiro que no próximo ano incluam bonificação para as latas, a partir de 10 quilos, para a galera ficar ainda mais feliz.”
Michele Almeida, integrante da Cooperativa Camapet desde 2007, também compartilhou sua experiência. “Quando cheguei em 2007, era tudo muito simples. Hoje, temos uma estrutura organizada, com salas climatizadas e espaço para armazenar os materiais. Me sinto valorizada e gratificada por ver o avanço do projeto”, disse Michele, emocionada.
Impacto social e ambiental
Nesta edição, o Eco Folia Solidária acolhe 370 catadores, entre autônomos e cooperativados, em duas Centrais de Apoio ao Catador localizadas no Politeama e no Forte de São Pedro, no circuito Osmar, em Salvador. O projeto é coordenado por cooperativas como a CAMAPET, COOPERES, CANORE e COLETA CIDADÃ, com apoio do Governo do Estado da Bahia, Ministério Público, Prefeitura de Salvador e empresas como a Ambev.
Os catadores comercializam materiais recicláveis pelos seguintes preços: o quilo da latinha está sendo vendido por R$ 8, o quilo da PET está saindo por R$ 2 e o quilo do plástico por R$ 1. Além do valor por quilo, o trabalhador que conseguir juntar 10 quilos de plásticos (PET + plástico) terá direito a uma bonificação de R$ 50. Cada trabalho pode pegar até seis bonificações, por dia. Um total de R$300.
Resultados
De quinta-feira (27) até esta segunda-feira (3), o projeto retirou mais de 21 toneladas de resíduos sólidos do meio ambiente, incluindo 11,2 toneladas de latinhas, 5 toneladas de plásticos e 4,9 toneladas de garrafas PET. O impacto ambiental é significativo, mas o maior legado do Eco Folia Solidária é a transformação na vida dos catadores.
Ricardo Souza, 39 anos, desempregado há alguns anos, encontrou no projeto uma forma de sustentar a família. “Tenho três filhas e a única renda é o Bolsa Família. O Carnaval traz um dinheiro extra, e as bonificações são uma bênção. Esse projeto é coisa de Deus”, afirmou.
Com duas décadas de existência, o Eco Folia Solidária continua a promover a inclusão social, a geração de renda e a preservação ambiental, consolidando-se como uma das iniciativas mais importantes do Carnaval de Salvador.