A contagem regressiva para o Carnaval já começou e faltam dois dias para a abertura oficial da festa na capital baiana. Seja nos blocos, nos camarotes, na pipoca, com amigos, fazer uma viagem ou até mesmo aproveitar outras opções culturais na cidade envolvem muitos gastos.
Quando se trata da preparação para o Carnaval, além das festas, adereços, transporte, maquiagem e fantasias, tantos outros itens são adicionados a essa lista interminável de gastos no Pré-Carnaval e durante a festa.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Locomotiva, um em cada quatro brasileiros pretende gastar mais de R$ 1 mil para aproveitar o Carnaval. Desses gastos, 86% serão destinados a alimentação, 62% a bebidas não-alcoólicas, 53% gastarão com transporte e 51% com bebidas alcóolicas.
Devendo e luxando
Aproveitar a folia tem consequências positivas e negativas e os consumidores devem estar atentos para as duas, é o que indica dos dados divulgados pelo Serasa Experian na Bahia.
No estado, 41,40% da população baiana adulta está inadimplente; a média brasileira é de 45,94%. Além disso, o total somado das dívidas na Bahia é de R$ 19,8 bilhões e o endividamento médio dos consumidores chega a R$ 4.230,60.
Ainda de acordo com os dados divulgados pelo Serasa Experian, a maioria dos baianos que estão endividados têm entre 41 e 60 anos, correspondendo 35,2%. O que tem impulsionado a inadimplência é o segmento de bancos e cartões, que figura como os maiores motivadores dessa alta.
De acordo com Aline Vieira, especialista em Educação Financeira do Serasa, o Carnaval é uma época festiva que incentiva gastos adicionais como viagens, fantasias, eventos, hospedagens que costumam ser mais caros nesse período.
“A empolgação e o desejo das pessoas de participarem dessas festividades, eles podem levar os consumidores a extrapolarem os seus orçamentos, o que pode resultar no endividamento. A falta de planejamento financeiro também nesse período pode contribuir para que os brasileiros saiam do controle. Então é muito importante que a pessoa tenha esse controle, que ela acompanhe os seus gastos e coloque na ponta do papel cada um dos investimentos, dos valores que ela utilizar durante esse período”, reitera Vieira.
Impulso do momento
A especialista do Serasa afirma que não existe um perfil específico sobre as pessoas que se endividam nesse período do ano, mas essa prática é comum entre pessoas que não fazem planejamento financeiro ou que acabam se deixando levar pelo impulso do momento e essa atitude pode comprometer o orçamento familiar.
“Isso pode sim resultar em um grau de inadimplência e consequentemente uma negativação do nome. Então a falta de controle sobre os gastos durante o Carnaval pode afetar os indivíduos de diferentes faixas etárias e diferentes classes sociais e além disso tem o crédito, então o uso de crédito de forma descontrolada ou o empréstimo para bancar festas podem ser fatores que sejam mais propensos para pessoas que vão enfrentar depois dificuldades financeiras após o evento”, explica Aline Vieira.
A economista Ana Carolina Fernandes, indica que esse endividamento durante a folia é reflexo também das contas do final do ano passado e do início de 2025.
“A gente tem os impostos, que já começa o IPVA logo no começo [do ano], a gente tem muitas vezes reajustes de mensalidade, de aluguéis, nas matrículas, né? Para quem tem filho na escola, material escolar… Então, geralmente, as pessoas têm mais despesas e acabam não se preparando para elas, por isso ficam endividados”, aponta a economista.
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Alternativas para curtir a folia
Os 67,9% dos brasileiros que pretendem pular Carnaval em 2025, de acordo com o Instituto Locomotiva, também terão que pensar nos meses – e nos gastos – que virão.
Para isso, a especialista Aline Vieira aponta que o período carnavalesco também pode ser uma oportunidade para quem deseja ganhar uma renda extra para pagar as dívidas.
“Para quem quer reduzir os gastos no Carnaval e até encontrar a possibilidade de fazer uma renda extra, algumas sugestões incluem criar e vender fantasias com habilidades manuais, confeccionar suas próprias fantasias, que pode ser um momento de diversão com alguns amigos e familiares. Preparar lanches, bebidas e outros itens para vender durante os eventos carnavalescos aproveitando que tem uma alta demanda e também gerando uma renda adicional compartilhamento de despesas”, orienta a especialista.
Além disso, a economista Ana Carolina Fernandes reitera a importância do planejamento financeiro não apenas no Carnaval, mas em todo o ano. Separar os gastos para a folia e para as despesas dos próximos meses é essencial.
“Não é porque é apenas Carnaval, mas sempre tem que ter planejamento financeiro e depois separar um dinheirinho para isso. Então o dinheiro que eu vou gastar no Carnaval às vezes deixa ali no dinheiro físico, num débito para usar o Pix, para evitar usar o cartão de crédito e passar ali das despesas”, indica Fernandes.
Para quem já está endividado, a dica é investir em programas gratuitos ao invés dos pagos para que os gastos não cresçam.
“Algumas cidades a gente tem aí o carnaval de rua, então já leva ali a sua bebida de casa, seu lanche, customize as suas roupas para que você não tenha gastos desnecessários”, aponta a economista.
Aline Vieira, também deu dicas para aproveitar os festejos sem gastar tanto.
“Utilizar o transporte público, ou dividir a corrida de transportes com amigos, aproveitando as opções que existem mais acessíveis para reduzir os custos de deslocamento”, completa a especialista em Educação Financeira.
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