O fim do ano se aproxima e, com ele, as tradicionais festas comemorativas que marcam essa transição. É tempo de montar árvores de Natal, comprar presentes e planejar confraternizações. Para muitos, essa é uma época de celebração e alegria. Contudo, para outros, o período pode despertar sentimentos opostos, como saudade, frustração ou até mesmo uma sensação de angústia.
Essa dualidade em relação às festas de fim de ano é mais comum do que se imagina. Enquanto alguns aguardam ansiosos pelas reuniões familiares e pelos momentos de descontração, outros enfrentam memórias de perdas, ciclos não encerrados ou uma autocrítica intensa sobre o que foi ou poderia ter sido feito ao longo do ano.
Para algumas pessoas, como a autora do relato que inspira esta reflexão, a chegada do Natal e do Ano Novo traz consigo um misto de emoções. “Eu mesma não sou muito chegada nessa data comemorativa. Fica uma sensação de angústia comigo, de que poderia ter feito algo bem melhor, encerrado esse ciclo de outra maneira”, desabafa. Apesar disso, ela busca ressignificar o momento ao lado de pessoas que ama, como os pais, criando novas memórias que possam ser eternizadas.
Essa experiência pessoal nos leva a uma reflexão mais ampla: por que nos cobramos tanto no fim do ano? Será que não deveríamos aproveitar esse momento para observar com mais atenção as coisas que têm funcionado em nossas vidas e identificar o que merece um olhar mais cuidadoso, mas sem excessos de dureza?
A autocrítica, quando exacerbada, pode nos fazer perder de vista o que conquistamos e os passos positivos que demos ao longo do caminho. Talvez, a chave para lidar melhor com essa época seja nos tratarmos com mais delicadeza e menos rigidez. Afinal, as festas de fim de ano não precisam ser apenas um balanço dos erros e acertos, mas também uma oportunidade para celebrar as pequenas vitórias e renovar esperanças para o próximo ciclo que se inicia.
Que tal começarmos essa jornada de autocompreensão e leveza? Assim, podemos encontrar novos significados para essa época e vivê-la de forma mais plena, seja celebrando em grande estilo ou aproveitando a companhia de quem realmente importa.
*Nili Brito – Psicóloga Clínica, pós-graduada em Psicologia Hospitalar, pesquisadora das relações e do amor, onde o seu trabalho nas redes sociais enfatiza uma Psicologia humanizada, de fácil entendimento e acesso à população, dando ao sujeito sua principal importância e não apenas ao seu sintoma.