História

Filme-ritual “Ama mba’é Taba Ama” contará história da Aldeia Tupinambá de Olivença

O documentário mostrará o desafio dos indígenas perante a sociedade e discussões sobre temas, como demarcação de terras

Akawã Tupynambá / Produtora Espaço Imaginário
Akawã Tupynambá / Produtora Espaço Imaginário

Quando criança, a líder indígena , não imaginava o impacto profundo que a própria família teria na trajetória de vida. Desde pequena, via a avó, D. Maria Cozina, e a mãe, D. Maria Vitória, prepararem remédios naturais com ervas da floresta. Ambas, Mulheres Medicina, realizavam rituais de autocuidado com as mulheres da aldeia, enquanto o pai, Sr. Noel, atuava como curandeiro. Na vida adulta, Nádia decidiu seguir o legado familiar, praticando os ensinamentos herdados de seus ancestrais. Com o despertar da vocação como Mulher Medicina, iniciou rituais com a planta comigo-ninguém-pode e, hoje, amplia seu trabalho utilizando folhas como artemísia, babosa e entrecasca do caju.

Aos 24 anos, com o nascimento da primeira filha, Naina Iraê, Nádia descobriu a paixão pela arte de ensinar. “Inspirada pela minha filha, me tornei educadora. A educação exige alguém que cuide e trabalhe como se estivesse cuidando de um filho. Educação é cuidado, empatia e, acima de tudo, confiança. Por causa dela, decidi fazer o magistério,” conta. Assim, iniciou a trajetória como professora, atuando com crianças e na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Atualmente, contribui para a formação de professores que trabalham em escolas indígenas de várias aldeias da Bahia, como as Tupinambá e Pataxó Hã-Hã-Hãe. A dedicação à educação na comunidade a consolidou no papel de líder indígena.

O filme-ritual “Ama mba’é Taba Ama” contará a jornada da líder indígena Nádia Akawã Tupinambá, de 56 anos, da Aldeia Tukum Tupinambá, no distrito de Olivença, em Ilhéus, no litoral sul da Bahia. O documentário vai abordar a história dela, da família, e de mais cinco indígenas.

O título da obra significa “Levanta essa aldeia, Levanta” em tupi, também nomeia um canto ritual, representando as lutas dos povos originários contra a invasão das próprias terras. Previsto para o primeiro semestre de 2026, o documentário trará temas essenciais para os Tupinambás de Olivença, como a demarcação do território indígena de 47 mil hectares, composto por 23 aldeias, e a realização da 24ª Peregrinação Tupinambá, em Ilhéus.

“Os Tupinambás tem importância histórica para o país por terem sido os primeiros povos a terem contato com os colonizadores de 1500. Serão apresentados rituais que ainda seguem sendo feitos nas Aldeias de Olivença e que reúnem indígenas locais e de outros povos. Para os dias atuais, é um filme com a oportunidade de mostrar as dificuldades dos indígenas diante do processo de urbanização das cidades e a redução dos territórios considerados “sagrados”” destaca a cineasta Gal Solaris.

Premiação

O projeto do filme-ritual “Ama mba’é Taba Ama” saiu como o maior vencedor do 8º Encontro de Coprodução do Mercado (ECM+LAB), evento do mercado audiovisual que ocorreu no 28º Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM), em Santa Catarina.

A proposta do documentário foi vencedora dos seguintes prêmios: Seleção de projeto brasileiro para receber Consultorias Paradiso Multiplica 2024; Seleção para participar do Mercado Audiovisual Centro Oeste (SAPI); Prêmio Transforma e Urca Filmes; e Consultoria de campanha ao Oscar ou internacionalização com Juliana Sakae.

Recebida no último mês de setembro, a premiação contribui para o trabalho de finalização e de venda dos projetos audiovisuais. Após participar do LAB, nos meses de julho e agosto deste ano, que promoveu encontros com a presença de especialistas para ajudar na elaboração do projeto e na divulgação do filme-ritual, a equipe de direção foi selecionada para estar no 8º ECM.