O ex-ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff disse que se "a democracia brasileira fosse mais madura", o futuro do agora presidente Michel Temer "podia ser mais sombrio". Em resposta ao discurso do novo presidente de que não é golpista, Wagner afirmou que "ele vai ser chamado a vida inteira de golpista, vai ser chamado de presidente interventor, porque não tem legitimidade".
Jaques Wagner sugeriu ainda que em países com democracia consolidada há mais tempo Temer poderia ser preso por conspiração. "Na verdade, quem devia estar preso era ele, porque conspirou. E em qualquer democracia mais madura… É porque a gente é generoso demais. Na verdade, o Palácio do Jaburu virou o centro da conspiração. Não foi um julgamento, foi uma eleição indireta fantasiada de julgamento de impeachment".
O ex-governador da Bahia lembra ainda que Temer não tinha eleitorado suficiente para se eleger deputado federal por São Paulo. "O interventor que vai assumir, todo mundo sabe, fala para quem quiser ouvir que não tinha condições de se eleger deputado federal em São Paulo. Então eu acho que são anos complicados para a política brasileira, porque a falta de legitimidade deixa o governante muito claudicante", disse o ex-ministro ao Bahia Notícias.
Wagner diz que o impeachment "financiado por segmentos da elite conservadora brasileira e parte da classe política brasileira" só ocorreu porque o grupo liderado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) não aceitou a derrota nas eleições presidenciais de 2014.
"Não se conformaram que o Partido dos Trabalhadores e a sua coligação, que um simples operário e depois que uma mulher assumisse a presidência da República. Quatro derrotas parece que foi muito para eles. E eles tinham certeza de que, terminando o mandato dela, as chances da gente fazer o quinto mandato com o presidente Lula voltando era muito grande. Então eu diria que bateu o desespero. E é claro isso quando você percebe que, desde o resultado da eleição de 2014… Primeiro eles acharam que iam ganhar, até porque houve uma divulgação dos resultados começando pelo Sul. E a gente sabe que muitos foram comemorar em Minas Gerais com Aécio [Neves] e voltaram com o rabo entre as pernas porque o resultado não foi o que esperaram. E aí falaram das urnas, falaram de crime eleitoral, e desde fevereiro ou março de 2015 inventaram a tese do impeachment sem crime e foram forçando a barra pra inventar um crime que se encaixasse", discorre Jaques Wagner.
Fonte: Brasil 247