Vivemos em uma sociedade que nos impõe uma série de regras e expectativas. São tantas as exigências que, em alguns momentos, nos perdemos e deixamos de reconhecer quais são, de fato, os nossos verdadeiros desejos. Será que estamos desempenhando certas funções porque realmente queremos ou apenas porque sentimos a pressão de atender a demandas externas? Você se cobra demais? Então leia esse texto.
A autoexigência excessiva pode nos levar a um estado de esgotamento mental e emocional, servindo como gatilho para a ansiedade. Muitas vezes, esse comportamento vem acompanhado por um sentimento de inadequação — aquela voz interna que nos diz: “Eu não vou dar conta!”. Mas será que precisamos mesmo “dar conta de tudo” o tempo todo?
Quando nos cobramos em excesso, nos tornamos reféns de expectativas externas, depositando nelas um peso desproporcional. Isso nos faz depender mais da aprovação dos outros do que da confiança em nós mesmos. Para evitar esse ciclo, é essencial buscar equilíbrio, como em todos os aspectos da vida.
Encontrando o equilíbrio
O primeiro passo é diferenciar entre aquilo que realmente desejamos e o que é imposto por outras pessoas. Fazer essa distinção exige reflexão e autoconhecimento, e o processo terapêutico pode ser um grande aliado. Em terapia, podemos nos perguntar:
- Quais dessas exigências são realmente minhas?
- Quais são expectativas dos outros?
- Quais são realistas e possíveis de cumprir?
- Quais são irreais ou, pior, estão me levando à autossabotagem?
Os perigos da comparação e da competição
A cobrança excessiva também pode surgir quando nos comparamos constantemente aos outros, criando uma competição interna desgastante: “Preciso ser melhor, aprender mais, superar tudo e todos.” O resultado? Frustração. Isso porque, ao tentar atingir padrões inalcançáveis, acabamos acreditando que nunca seremos “bons o suficiente”.
Essa tendência pode começar ainda na infância, quando somos expostos a comparações frequentes em casa ou na escola. Crianças que crescem acreditando que o amor está condicionado à perfeição carregam um fardo emocional que pode durar por toda a vida. Nesse contexto, é crucial desconstruir essas crenças, e a terapia novamente se apresenta como um espaço seguro para essa transformação.
Afinal, não precisamos agradar a todos
Como bem disse a psicanalista Ana Suy: “Além de ser impossível agradar a todos, é absolutamente desnecessário.”
Então, pare por um momento e reflita: qual tem sido o seu nível de autoexigência? E quanto às cobranças que você aceita do outro — como elas têm afetado sua vida?
Deixo aqui esse convite à reflexão. Pense com carinho sobre isso, e até a próxima!
*Nili Brito – Psicóloga Clínica, pós-graduada em Psicologia Hospitalar, pesquisadora das relações e do amor, onde o seu trabalho nas redes sociais enfatiza uma Psicologia humanizada, de fácil entendimento e acesso à população, dando ao sujeito sua principal importância e não apenas ao seu sintoma.