Brasil

Governo eleva projeção para PIB em 2017, mas não diz se vai aumentar impostos

Os parâmetros servirão de base para o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) a ser encaminhado ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto

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Real ; dinheiro ; inflação ; IPCA ; Banco Central ; inadimplência ; dívida ; PIB ; Selic ; juros ;  (Foto: Reprodução/Facebook)O governo federal elevou nesta quarta-feira (17) sua projeção de crescimento econômico em 2017 para 1,6%, ante 1,2%, mas não quantificou o impacto dessa melhora na arrecadação, em meio a discussões sobre a necessidade de aumentar impostos para garantir o cumprimento da meta fiscal do próximo ano

"Acreditamos que é um número bastante ajustado ao cenário que a gente antecipa para a economia brasileira no ano que vem", afirmou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Carlos Hamilton Araújo, citando a recente melhora de indicadores, como o de confiança.

A divulgação dos novos parâmetros, que servirão de base para o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) a ser encaminhado ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto, foi antecipada, num esforço da equipe econômica de destacar dados positivos no momento em que enfrenta batalhas no Congresso para estruturar o ajuste fiscal.

A LOA estima as receitas e autoriza as despesas de acordo com a arrecadação e deve respeitar a meta de déficit primário de R$ 139 bilhões estabelecida para o governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência) em 2017.

Para conseguir atingi-la, o governo já havia indicado a necessidade de realizar um esforço fiscal adicional de R$ 55,4 bilhões, e que impostos poderiam ser elevados, se necessário.
"É razoável que se espere recuperação da arrecadação em momentos de alta da economia", afirmou o secretário a jornalistas.

Nas contas do economista Fábio Klein, da Tendências Consultoria, o aumento da taxa de crescimento da economia no próximo ano deve gerar uma arrecadação extra de cerca de R$ 6 bilhões, insuficiente para evitar um aumento da carga tributária.

"Esse crescimento de 1,6% do PIB em 2017 não impede a necessidade de aumentar a carga tributária de alguma forma", avaliou.

O especialista em Finanças Públicas Raul Velloso também ponderou que outras medidas deverão ser adotadas para garantir o cumprimento da meta. "Isso aí vai ajudar um pouco (nas receitas), mas não é o que vai fazer muita diferença", disse.

Segundo uma fonte palaciana, o governo considera aumentar impostos regulatórios, como a Cide sobre combustíveis e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de determinados produtos, para reforçar o caixa. A alternativa segue na mesa, ainda que não seja imediatamente apontada no projeto de lei orçamentária, completou a fonte.

Bastante questionado sobre se o aumento da expectativa para expansão do Produto Interno Bruto evitaria aumentos de tributos, Carlos Hamilton repetiu que o governo só responderá quando a LOA por divulgada, cuja data coincide com o julgamento final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

O secretário destacou que atividade econômica neste segundo semestre vai ter desempenho "muito melhor" do que o observado no primeiro e que os cálculos apontam que, no cenário base, haverá alta do PIB no quarto trimestre sobre os três meses imediatamente anteriores.

A expectativa do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB em 2017 está bem acima da projeção de instituições financeiras de avanço de 1,1%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central, que ouve uma centena de economistas todas as semanas.

O Ministério da Fazenda manteve sua projeção para a inflação medida pelo IPCA a 4,8% em 2017 e a 7,2% neste ano. Para 2016, melhorou ligeiramente a expectativa de contração do PIB a 3 por cento, contra 3,1% antes.

Reprodução: Época Negócios