Investigadas na Operação Lava Jato, as empreiteiras baianas Odebrecht e OAS dividiram o apoio aos candidatos à prefeitura de Salvador, ACM Neto (DEM) e Nelson Pellegrino (PT), nas eleições municipais de 2012, segundo informações do jornal Valor Econômico.
De acordo com a publicação, a Odebrecht, fundada em 1944 por Norberto Odebrecht, avô de Marcelo, sempre distribuiu com certa isonomia as doações entre os principais candidatos ao governo da Bahia ou à prefeitura. Só que em 2012 o equilíbrio foi quebrado: sua contribuição teria se concentrado na campanha de ACM Neto. A rival OAS, segundo os vazamentos, dedicou exclusividade a Pelegrino.
Mais do que política, a tomada de posição da OAS foi familiar. Sob as bênçãos de Antonio Carlos Magalhães, a OAS foi fundada em 1976 pelo empresário César Mata Pires, casado com Tereza, filha do então ex-governador. Por volta de 2005, sogro e genro se desentenderam e, quando ACM morreu, em 2007, a briga foi pelo espólio com os demais herdeiros.
O litígio terminou com um acordo no início desta década, mas a inimizade continuou. Nos bastidores do DEM afirma-se que ACM Neto recusou, em 2002, o apoio da OAS. Fontes do PT afirmam que, se isso aconteceu, é porque ACM Neto já estaria acertado com a Odebrecht.
Ainda conforme a publicação, a Odebrecht também fez também robustas contribuições para as campanhas vitoriosas de Jaques Wagner e Rui Costa (PT) ao governo do Estado. E também ao derrotado nessas eleições, Paulo Souto (DEM, 2006, 2010 e 2014). PT e DEM reconhecem a contribuição e coincidem na explicação: nada aconteceu fora da lei.
Apesar disso, os investigadores da Lava Jato entendem que se as empreiteiras Odebrecht, OAS e UTC alimentaram o caixa dois de campanhas eleitorais do país inteiro, seria "crível" que começassem os delitos pela Bahia, onde nasceram e realizaram seus primeiros contratos com o poder público.
Reprodução: Bocão News