Um projeto de lei apresentado na Câmara de Vereadores de São Sebastião do Passé promete esquentar o debate político no município da Região Metropolitana de Salvador (RMS), após a oposição à atual prefeita Nilza da Mata (PSD) organizar protestos, nesta terça-feira (4), para tentar impedir a votação e aprovação da proposta que pretende reajustar o salário do prefeito, vice, secretários municipais e vereadores, a partir de 2025.
Conforme projeto assinado pelo presidente da Câmara Municipal, Gil da Mata (Avante), sobrinho da prefeita, o vencimento do chefe do Executivo passa dos atuais R$ 18 mil para R$ 25 mil, aumento de 38,88%; do vice-prefeito, de R$ 9,5 mil para R$ 12,5 mil, dos secretários municipais, de R$ 7 mil para R$ 11 mil, 66,6%; e dos 13 vereadores, dos atuais R$ 7,5 mil para R$ 9,9 mil.
Se aprovado, o reajuste vai gerar um gasto extra de cerca de R$ 2 milhões por ano, conforme apresentado. “Não é o momento. Uma cidade de 50 mil habitantes com tantas necessidades. O atendimento no hospital está deficiente e este recurso poderia dar uma cara nova ao hospital. Um dinheiro que poderia ser revertido em programas sociais, numa cidade onde muitos estão passando fome”, criticou o vereador Soldado Nailson (Republicanos), único vereador de oposição no Legislativo municipal.
O valor do salário do chefe do Executivo em São Sebastião do Passé se iguala ao do prefeito de Salvador, Bruno Reis (UB), que recebe R$ 25.322,25 por mês, e ultrapassa de alguns prefeitos de capitais brasileiras como Porto Alegre (RS), Maceió (AL) e Vitória (ES). Além disso, a arrecadação da capital baiana em 2023 chegou a R$ 10 bilhões, enquanto São Sebastião do Passé arrecadou cerca de R$ 200 milhões.
“Não sou contra reajuste, mas sou contra injustiças. Se um vereador estiver achando que está ganhando pouco, ele renuncia o mandato e volta para a iniciativa privada para ganhar mais. Quem se compromete a vir a público pedir voto para se tornar representante do povo, tem que trabalhar para servir ao povo e não ficar legislando em causa própria”, criticou o presidente do PT local, José Carlos da Paz.
O ato contou outros presidentes de partidos contrários à prefeita, além de lideranças do campo oposicionista na cidade. A Oposição promete realizar protestos na sessão ordinária marcada para a tarde desta terça.