Brasil

Oito pessoas são presas por desvio de dinheiro de instituto do câncer em MG

Recursos era desviados para manter 'luxo' dos administradores, diz MPE

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 src=Oito pessoas foram presas durante a 'Operação Carcinoma', deflagrada na manhã desta terça-feira (09), na cidade de Ipatinga. A ação, que começou há seis meses, investiga um esquema criminoso instalado na administração da AAPEC (Associação de Assistência às Pessoas com Câncer) e, segundo o Ministério Público Estadual (MPE), aponta enriquecimento ilícito dos administradores da instituição mediante apropriação de recursos públicos e de recursos arrecadados por meio de doações. As prisões foram realizadas em Ipatinga, Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Viçosa.

Além da AAPEC de Ipatinga, também estão sendo investigadas 17 empresas ligadas à Associação, nas cidades de Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso, Belo Horizonte, Governador Valadares e Viçosa, onde estão sendo cumpridos 20 mandados de busca e apreensão.

A operação foi desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), formado pelo Ministério Público e as Polícias Militar e Civil.

Esquema criminoso
De acordo com o MPE, um núcleo criminoso operava o esquema de dentro da administração da AAPEC, sendo que os recursos públicos e privados captados por doações eram desviados em favor dos criminosos.

Também segundo o órgão, a AAPEC possui filiais em outras cidades e contava com uma empresa de telemarketing, a serviço dos infratores, "sendo de grande monta a totalidade da arrecadação das doações', diz o MPE.

"Tais doações do público, ao invés de realmente terem sido empregadas em favor de portadores de câncer, eram quase que por completo abocanhadas pela organização criminosa, inclusive, com esquema de lavagem de dinheiro, em um verdadeiro estelionato coletivo e crimes contra a economia popular", diz a investigação.

A AAPEC também possuía um convênio com o município de Ipatinga, com recebimento de recursos públicos, contudo, além dos desvios relatados, a instituição deixava de prestar relevantes serviços aos portadores de câncer, como deveria fazer diante do convênio firmado com o município.

O Gaeco pediu que fosse nomeado um administrador judicial para assumir a gestão da associação, em razão do afastamento dos gestores que usavam da associação para finalidades ilícitas, notadamente voltada para o auto enriquecimento.

Luxo
O MP apurou que além do enriquecimento e a vida de ostentação levada pelo casal que administra a AAPEC, como carros de luxo e motos esportivas, eles ainda residiam em um imóvel de propriedade da instituição em um bairro nobre da cidade de Ipatinga, sendo que a própria Associação dependia de um imóvel alugado para funcionar.

Também segundo a investigação, a Associação ainda é responsável por arcar com as despesas como alimentação, construções, viagens, festas, 'fitness' e outros luxos e despesas pessoais dos investigados, valendo-se da solidariedade e sensibilidade da população, para levar a cabo o engodo, mantendo em erro os doadores.

"Muitos doadores das cidades de Ipatinga, Governador Valadares, Viçosa e Sete lagoas acreditavam que contribuíam para auxílio a uma pessoa carente, acometida de câncer, quando na verdade estavam aumentando a riqueza da grei criminosa", diz o MPE.