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Jovem afirma que foi espancada por senador do PDT

O suspeito de cometer o crime é um um dos homens mais poderosos de Roraima: o senador Telmário Mota (PDT), 58 anos

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A estudante universitária Maria Aparecida Nery de Melo, 19 anos, registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil de Boa Vista (RR) no último dia do ano de 2015, contra o senador Telmário Mota.

O caso relatado pela jovem foi um espancamento com chutes e socos que a fez desmaiar. Segundo ela, o agressor era seu companheiro há cerca de três anos e meio e agora estava "sofrendo ameaças de morte".

O suspeito de cometer o crime é um um dos homens mais poderosos de Roraima: o senador Telmário Mota (PDT), 58 anos.

A reportagem da Folha de S. Paulo informa que as agressões foram comprovadas e o caso ficou caracterizado como"violência contra a mulher". O exame da vítima indicou "lesões na cabeça, boca, orelha esquerda, região dorsal, braço direito e joelho esquerdo".

O senador nega que tenha agredido a vítima e mantido relacionamento amoroso. "Não teve negócio de agressão, não existe isso, em nenhum momento, até porque não tenho nada com ela".

A estudante Maria contou à polícia que as agressões ocorreram após acesso de ciúmes do senador durante um encontro com a família de Maria. Segundo relato da vítima, o senador não teria gostado de cumprimentos dados a Maria por familiares e decidiu agredi-la.

Ainda segundo depoimento da vítima, o senador a teria chutado quatro vezes no chão e a empurrado contra a parede. Maria também disse que o parlamentar passou a lhe dar murros na cabeça, o que a teria feito desmaiar.

A vítima prestou queixa cinco dias após as agressões. No entanto, dois dias após o registro da ocorrência, Maria procurou a delegacia para tentar "retirar" a queixa. A delegada responsável pelo caso explicou que não seria possível a retirada, pois as denúncias de agressões contra a mulher são consideradas ações "incondicionadas", ou seja, independem da vontade da vítima.

A publicação conta que o caso não parou por aí e, em 22 de janeiro, Maria destituiu por escrito o advogado que a acompanhou no registro da ocorrência, Thiago Santos.

O advogado diz que a cliente não explicou os motivos da sua decisão e afirmou: "Não tenho dúvida sobre os fatos narrados na primeira oportunidade que procuramos a polícia. Ela contou a verdade".

A reportagem tentou contato com Maria mas ela não respondeu.

SENADOR

Telmário é senador e, por isso, detém foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal e, portanto, a delegada encaminhou os autos à Procuradoria da República em Roraima. Em 31 de maio, o caso foi enviado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que abriu um procedimento preliminar interno.

Ele nega que tenha agredido Maria Aparecida Nery de Melo e mantido relacionamento amoroso com ela.

"Não teve negócio de agressão, não existe isso, em nenhum momento, até porque não tenho nada com ela. [Não agredi] nem ela nem mulher nenhuma. Fui criado pela minha mãe. Agora, macho, não. Macho vou pra porrada mesmo. Desafio [provar], 58 anos e nunca houve [agressão a mulher]. Desafio. Inventaram essa onda toda, essa conversa", afirmou o senador.

O senador de Roraima afirmou ainda que Maria é "uma velha conhecida". Questionado se a jovem havia trabalhado para ele, Telmário disse que não de forma "direta". "Ela trabalhava. Era militante do PDT. Mas não trabalhava direto para mim, não. Militava, com os jovens lá."

O parlamentar ainda considera que seus "adversários" teriam tentado "usar" Maria. "Não tem nada, absolutamente nada contra mim em lugar nenhum", disse.

Fonte: Folha de S.Paulo