Bahia

Mães que inspiram: empreendedoras que tiram da maternidade forças para impulsionar a carreira

Na Bahia, 45,5% das empreendedoras são MEI, 40,3% dedicam 45 horas por semana à gestão do negócio e 76% são pretas ou pardas. 

Divulgação e Vagner Souza/Salvador FM
Divulgação e Vagner Souza/Salvador FM

Na maioria das vezes, quando nasce uma mãe, surge uma empreendedora. Pelo menos é o que aponta a pesquisa divulgada pela Rede Mulher Empreendedora, mostrando que 53% das micro e pequenas empresárias brasileiras também são mães. Mas, na vida da baiana Rose Rosendo, de 47 anos, o empreendedorismo começou antes mesmo da maternidade.

Hoje, a contadora e consultora financeira ajuda outras mulheres a conquistar a liberdade por caminhos que aprendeu a trilhar muito cedo, ainda aos 11 anos, na cidade natal, Taperoá, no interior da Bahia. Rose levava para vender na escola os produtos que os pais plantavam no terreno de casa.

Já adulta e morando em Salvador, viu o sonho de cursar contabilidade ser adiado após o nascimento da filha Emilly, hoje com 24 anos. 

"A maternidade traz muitas mudanças na vida de uma mulher, especialmente no trabalho. Eu precisei adiar o meu sonho até quando ela completou 2 anos de idade, mas nunca desisti. E acho que é essa lição que busco deixar para todas as mulheres e pra ela, que hoje segue meus passos no empreendedorismo. A maternidade não atrapalha, ela nos impulsiona", avalia Rose Rosendo.

"A maternidade me transformou"

Outra empreendedora que é inspiração dentro e fora de casa é Gladys Cazumbá, de 41 anos. A baiana, que é consultora comportamental, viu no empreendedorismo o caminho para autonomia financeira. "A maioria das mães empreendem por necessidade, e hoje meu trabalho é justamente esse, ajudar empreendedoras a turbinar seus negócios", explica.

Mãe de Carlos Magno, de 18 anos, Gladyz conta que parte do que desenvolve como empreendedora aprendeu com a maternidade. "A maternidade me transformou, só depois de ser mãe, eu descobri que poderia ser muito mais. Passei a empreender com mais segurança, a viver com mais empenho e determinação, sem deixar de apreciar as evoluções", relata emocionada.

Empreendedorismo compartilhado

A especialista em Gestão de Escolha, Juliana Fortunando, optou pela mudança na carreira para se dedicar à maternidade. Com um filho com TEA (Transtorno do Espectro Autista), ela empreende no ramo de desenvolvimento pessoal e tem como sócia a filha, Marine Fortunato. 

 

 

"Aos 15 anos, a minha filha fez um curso junto comigo de programação neurolinguística e ela começou a me acompanhar no trabalho, tomou gosto e assim ela começou a fazer palestras sobre o assunto, se desenvolveu e através das escolhas dela, escolheu seguir na profissão sendo minha sócia. Assim, eu compartilho o mundo do empreendedorismo com ela e consigo me dedicar também ao meu filho atípico", relata.

Rose Rosendo, Gladys Cazumbá e Juliana Fortunando são só algumas dos 40,3% de emprendedoras baianas que dedicam em média 45 horas por semana à gestão do negócio que, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), representam também 45,5% do número de MEI registrados no estado. 

Mães, empreendedoras e negras, as entrevistadas reconhecem a importância de ter o prórpio negócio, sem romantizar os desafios. Em comum, além de conciliar a rotina de tantos papéis, elas compartilham o sonho de transformar o mundo do trabalho enquanto exemplos de dedicação e superação.