Décima primeira maior cidade da Bahia, Jequié (sudoeste do estado) pode ter uma eleição à Prefeitura, neste 2024, em um cenário completamente diferente do que ocorreu há quatro anos. Em 2020, o eleito Zé Cocá (PP) venceu o pleito com apenas 2.894 votos a mais do que o segundo colocado, James Meira – à época no Patriota. Houve quem atribuísse àquele resultado ao tempo da campanha eleitoral, mais curto em relação a 2016, sem contar ainda os efeitos do bolsonarismo que vinha forte nas regiões sudoeste, sul e extremo-sul baiano.
Nos bastidores, correligionários revelaram, naquela ocasião, que se a campanha tivesse mais alguns dias, o resultado talvez tivesse sido diferente, diante da ascensão de Meira, que vinha crescendo nas pesquisas, deixando a disputa afunilada para além da expectativa. No final, Zé Cocá teve 38,29% dos votos válidos contra 34,63% do “Patriota” e sagrou-se prefeito de uma segunda cidade diferente na Bahia – entre 2008 e 2016 ele foi gestor de Lafaiete Coutinho, distante quase 37 km de Jequié.
Passados quatro anos, a situação do pepista pode ser considerada mais confortável. Além de ter a maioria na Câmara de Vereadores da cidade, um levantamento feito em março deste ano pelo Instituto Séculus apontou que a gestão de Zé Cocá foi aprovada por 94,88% dos entrevistados. Já outros 2,75% dos eleitores desaprovaram e 2,38% não souberam ou não opinaram.
Outro fator que pode contribuir para uma possível reeleição do prefeito é, pelo menos por enquanto, a ausência de nomes fortes no cenário político jequieense que façam frente a ele. Até agora, o único pré-candidato lançado pela base de oposição no município foi Alexandre Iossef, mais conhecido como Alexandre da Saúde (PSD) – foto à direita. O pessedista é apoiado pelo deputado federal Antônio Brito (PSD-BA), que tem Jequié como base eleitoral.
No entanto, mesmo este suporte ainda não tem sido suficiente para alavancar a candidatura de Alexandre – na cidade, o Governo do Estado ainda não decidiu se fará campanha para Iossef ou se vai lançar algum outro nome do PT ou que faça parte da Federação ao lado do PCdoB e do PV. Mesmo assim, em entrevistas recentes, Brito garantiu que a gestão Jerônimo Rodrigues (PT) iria apoiar a pré-candidatura de Alexandre da Saúde.
No entanto, será preciso muito trabalho: no mesmo levantamento feito pela Séculus, dentro do cenário espontâneo, apenas 1,88% dos entrevistados afirmaram que votariam no pessedista. Já Zé Cocá teve 70,63% das intenções de voto. Outros 4,63% dos eleitores não votariam em nenhum candidato e 1,50% não souberam ou não opinaram.
No estimulado, o pepista apareceu com 85,13% das intenções de voto. Iossef, com 4,50%. Outros 10,50% dos cidadãos não votariam em nenhum candidato e 4,75% não souberam ou não opinaram. O levantamento ouviu 800 eleitores entre os dias 20 e 22 de março de 2024 e tem margem de erro de 3,46% para mais ou para menos e 95% de intervalo de confiança. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob n.º BA-06371/2024.
Caso o estudo seja confirmado nas urnas, Cocá teria uma votação igual ou superior a que teve Dr.ª Tânia (PP), em 2012. Na época, ela recebeu 74,53% dos votos válidos (58.595 sufrágios). Em segundo lugar apareceu o atual deputado federal Euclides Fernandes, com 13,95% (10.964 votos), seguido por Dr. Fernando, com 11,53% (9.061 votos).
Pelo andar da carruagem, em 2024, a fama da “Cidade Sol” vai ficar apenas relacionada ao clima da cidade já que, na política, ao menos por enquanto, o clima está mais para “Suíça Baiana” – apelido dado à cidade de Vitória da Conquista e que, curiosamente, rivaliza regionalmente com Jequié pelo protagonismo político no sudoeste baiano.